Resumo: |
A crescente participação brasileira na arena internacional despertou, paulatinamente, um maior interesse da opinião pública para o debate sobre a elaboração e a execução da política externa do país. A discussão pública se fortaleceu com o início do governo Lula em 2003, que buscou na inserção internacional do Brasil e nas parcerias estrangeiras aumentar seu prestígio tanto no nível doméstico quanto no plano global. Contudo, desde o início do governo Dilma em 2011, verifica-se um esvaziamento do apoio advindo da opinião pública no que tange à ação externa do Brasil, que tem assumido um caráter cada vez mais instrumental, de manutenção de uma retórica e de uma atuação de baixo perfil regionalmente. A construção da América do Sul como espaço prioritário da ação externa brasileira durante o governo Lula deu lugar a um relativo afastamento, com a busca por outros parceiros estratégicos nos governos seguintes. Nesse sentido, esta pesquisa objetiva analisar a interação entre a opinião pública nacional em assuntos de política externa e a formulação de tal política durante os governos Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), tanto no nível doméstico quanto em sua integração regional. A propositura metodológica dessa pesquisa toma por base o survey do projeto Las Americas y el Mundo, conduzido em sete países latino-americanos. Os bancos de dados do segmento brasileiro (2011, 2015 e 2019) do projeto possibilitaram analisar comparativamente as diferentes percepções da opinião pública quanto aos temas de política externa, nos governos Lula e Dilma e, no tema de migrações internacionais, também no governo Temer. |
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