Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Lima, Raquel Faria da Silva |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-17052017-125438/
|
Resumo: |
Introdução: Para o ribeirinho amazônico as plantas medicinais representam muitas vezes o único recurso terapêutico disponível para o tratamento de suas doenças. Utilizam como base para produção do recurso natural, folhas, cascas e sementes, com o objetivo de alívio de problemas de saúde. O registro das plantas medicinais utilizadas de modo terapêutico por tais grupos humanos tem oferecido base para o desenvolvimento de estudos fitoquímicos e farmacológicos de novas drogas. Além disso, a análise de práticas de cuidado em ambientes culturalmente exóticos fortalecem a enfermagem transcultural, a medida que visa o intercâmbio dos saberes populares e científico. Como referencial teórico utilizou-se a etnobotânica e o modelo Sunrise de Leininger e Mc Farland. Objetivo geral: Analisar o uso terapêutico de plantas medicinais no contexto sociocultural ribeirinho da comunidade Nossa Senhora da Conceição do Boam, localizada no Médio Solimões, Coari Amazonas. Objetivos específicos: Conhecer os valores, crenças e aspectos da estrutura sociocultural que envolvem a utilização da fitoterapia popular no ambiente ribeirinho; identificar o itinerário terapêutico das famílias ribeirinhas; analisar o uso das plantas medicinais entre os ribeirinhos com notório saber em plantas medicinais; e analisar o uso terapêutico da planta de maior importância para a comunidade. Material e Método: Estudo etnobotânico realizado na comunidade ribeirinha Nossa Senhora da Conceição do Boam, localizada na cidade de Coari-Amazonas. Os participantes do estudo foram 19 informantes, gerais e especialistas pessoas de notório saber na terapeutica com plantas medicinais. A coleta de dados ocorreu entre os meses de janeiro de 2015 e maio de 2016 por meio da turnê-guiada, exsicata, entrevistas semi-estruturadas e estruturadas. A análise dos dados ocorreu de forma quanti-qualitativa através da análise temática e cálculos de Fator de Consenso Individual, Importância Relativa e Valor de Uso, para identificacao das plantas e doenças de maior relevância comunitária. Resultados: Os especialistas foram predominantemente do sexo feminino (88%), com idade média de 50 anos. Em termos de ocupação, a maioria deles eram agricultores (63,3%), com rendimento médio mensal abaixo do salário mínimo brasileiro por família e apenas 36,4% dos entrevistados eram alfabetizados. O itinerário terapêutico da comunidade inicia-se com a fitoterapia popular, em seguida o rezador, o agente comunitário de saúde local, e, finalmente, o médico. As razões que influenciavam a terapêutica com plantas medicinais eram: a fé, a segurança, o conhecimento sobre o preparo, o fácil acesso e a eficácia das plantas. Foi relatado o uso de 62 plantas medicinais, para o cuidado de doenças infecciosas e parasitárias, neoplasias, doenças hematológicas, nutricionais, dermatológicas, transtornos comportamentais, doenças do sistema nervoso, ouvido, dos aparelhos circulatório, respiratório, digestivo, osteomuscular, geniturinário; como anti-inflamatórios e anticoncepcional, totalizando 49 indicações terapêuticas. As doenças do sistema respiratório foram as mais relevantes na comunidade com maior quantitativo de plantas (n=30) e citações (n=162). A planta medicinal de maior importância e versatilidade foi a caatinga de mulata (S. Aeollanthus), uma erva com evidências de ação antimicrobiana, anticonvulsivante, sedativa, analgésica e anti-inflamatória, utilizada na comunidade para doenças pulmonares, intestinais, dermatológicas e hemorrágicas, em nove problemas de saúde diferentes. Conclusão: Nesta comunidade, a estrutura sociocultural ribeirinha, assim como seus valores e crenças envolvem a utilização de ervas medicinais como a primeira escolha terapêutica. A rica farmacopeia encontrada pode facilitar a descoberta de novas drogas. Além disso, por meio da Teoria do Cuidado Cultural foi constatada a possibilidade da preservação do cuidado com a espécie S. Aeollanthus. Todavia, para se tornar um prática baseada em evidência existe a necessidade de ensaios pré-clínios e clínicos em humanos. |