Estudo das pneumonias causadas por Streptococcus pneumoniae em crianças internadas na enfermaria de pediatria do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Yoshioka, Cristina Ryoka Miyao
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-07122009-185246/
Resumo: Introdução: Atualmente a incidência anual de pneumonia adquirida na comunidade nos países em desenvolvimento é de 150,7 milhões de casos entre crianças menores de 5 anos de idade , dos quais 11 a 20 milhões (7-13%) necessitam de internação hospitalar devido à gravidade. O tratamento geralmente é empírico mas o Streptococcus pneumoniae é o principal agente etiológico bacteriano.É necessário manter monitoramento dos sorotipos e padrão de resistência para melhor orientação terapêutica. Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo com inclusão de 107 crianças com diagnóstico clínico e radiológico de pneumonia e com isolamento de Streptococcus pneumoniae em sangue e ou líquido pleural no período de janeiro de 2003 a outubro de 2008. Realizado determinação de concentração inibitória mínima (MIC) para penicilina e antibiograma para outros antimicrobianos. A sensibilidade para penicilina utilizada foi conforme Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI ) de 2008. Realizado sorotipagem de 96 cepas de pneumococos (89,7%) e analisados os dados da população em estudo e da evolução clínica. Resultados:Cerca de 47,5% das internações na enfermaria foram por pneumonia ou broncopneumonia e a média de positividade em cultura para pneumococo (sangue e ou líquido pleural) foi de 2,5%. Houve uma sazonalidade bem definida da pneumonia pneumocócica. Cerca de 70% ocorreram nos meses de junho a outubro. A mediana de idade foi de 23 meses (82,2%<5anos); predomínio do sexo masculino (58,9%);utilização de antibioticoterapia nos dois meses prévios à internação de 23,4%; freqüência em creche no menores de 2 anos de 36,4%; apenas um caso com vacinação heptavalente completa; doença associada em 44,9% sendo a mais freqüente a sibilância( 77,1%); tempo de febre e de sintomas respiratórios antes da admissão foi de 4 dias;necessidade de oxigenoterapia não invasiva em 70,1% com tempo médio de utilização de 4 dias;necessidade de ventilação mecânica em 19,6%, mediana do tempo de internação de 9 dias.Em 62% houve complicações sendo as mais freqüentes: empiema (53%) e efusão pleural não complicada (42%). As crianças com empiema tiveram mais pneumonia necrotizante, abscesso pulmonar, sepse, pneumotórax, necessidade de decorticação e ainda maior mortalidade (todas com p<0,05). As crianças com complicações tiveram mais dias de sintomas respiratórios antes da admissão (3x5dias), mais tempo de febre após o início de antibiótico (1x4,5dias), necessitaram de oxigenoterapia não invasiva(58,5x77,3%) e ventilação mecânica (7,3x27,3%) por tempo maior e permaneceram por mais tempo internados (5x12 dias). Das 107 cepas de pneumococo, 100 (93,5%) foram sensíveis à penicilina e 7 (6,5%) de sensibilidade intermediária. Todas as cepas testadas foram sensíveis para rifampicina e vancomicina e ainda mantiveram boa sensibilidade para clindamicina, cloranfenicol, ceftriaxone, eritromicina e levofloxacina. Cinco cepas foram multiresistentes. Notou-se que a média geométrica das concentrações inibitórias mínimas (GMC) para penicilina foram maiores nas crianças com complicações. Os sorotipos mais freqüentes foram: 14(36,5%), 1(16,7%) , 5(14,6%) e 6B(6,3%). O sorotipo 14 apresentou a maior GMC para penicilina e houve um aumento progressivo no decorrer dos anos de estudo. A cobertura dos sorotipos pela vacina heptavalente seria de 53,1% e esta cobertura menor se deve principalmente ao sorotipo 1 e 5, que corresponde a 31,3% dos casos. A cobertura dos sorotipos associados à resistência seria de 94,2%. A cobertura pela vacina 10-valente seria de 86,5% e com a 13-valente seria de 96,9%. Três casos que evoluíram para óbito (2,8%) tinha mediana de idade de 18 meses, todos do sexo masculino, todos com concentração inibitória mínima para penicilina menor ou igual 1g/mL, todos evoluíram com empiema e sepse. Dois foram do sorotipo 5 e um do sorotipo 14. Conclusões: Aproximadamente 2,5% das crianças internadas com diagnóstico de pneumonia foram diagnosticadas como pneumonia pneumocócica.Verificamos uma sazonalidade bem definida.Houve complicações em 62% dos casos. As mais freqüentes foram : empiema e a efusão pleural não complicada. Evidenciou-se uma GMC para penicilina maior nas crianças com complicações comparadas às crianças com ausência de complicações. Os sorotipos mais freqüentes foram 14,1 ,5 e 6B sendo que os sorotipos 1 e 5 totalizam 31,3%. A cobertura pela vacina heptavalente dos sorotipos isolados seria de 53,1%. A sensibilidade para penicilina dos pneumococos isolados de pneumonia foi de 93,5%. Assim, a opção terapêutica continua sendo a penicilina.