Diferenças nas práticas contábeis na era IFRS: implicações para a comparabilidade das informações financeiras em ambientes diferentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Sarquis, Raquel Wille
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-26092019-123437/
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar a influência dos fatores culturais e institucionais do país de origem nas práticas contábeis utilizadas pelas empresas e, na sequência, analisar os impactos da existência de escolhas contábeis nas IFRS no nível de comparabilidade das informações contábeis de empresas localizadas em países com ambientes culturais e institucionais diferentes. A literatura sugere que a contabilidade é fortemente influenciada pelo ambiente no qual está inserida e que a comparabilidade é baseada no reflexo da substância econômica dos eventos, não na forma. Para tanto, foram analisadas três escolhas contábeis que existem ou existiam nas IFRS: (i) mensuração dos investimentos em joint ventures (consolidação proporcional ou MEP), (ii) reconhecimento e apresentação dos ganhos e perdas atuariais decorrentes dos planos de benefício definido (método do corredor, DRE ou DRA) e (iii) mensuração de PPI (custo ou valor justo). Os dados sobre as práticas contábeis foram coletados manualmente das demonstrações contábeis de 6.298 empresas de 27 países diferentes de 2005 até 2016. Portanto, foram coletadas e analisadas 53.908 demonstrações contábeis. Por meio da análise de cluster e utilizando um conjunto de variáveis culturais e institucionais, os 27 países foram classificados em 7 agrupamentos diferentes. Na sequência, foram avaliadas quais práticas contábeis predominavam em cada um desses países e como elas se relacionam com os agrupamentos formados e com as variáveis culturais e institucionais, através da estimação de modelos logísticos (hierárquicos na versão nula e não hierárquicos). Os resultados evidenciaram que uma parcela estatisticamente significante da variância das práticas contábeis é explicada pelo agrupamento de nível país e que todas as 12 variáveis culturais e institucionais são relevantes para explicar as práticas contábeis utilizadas pelas empresas em pelo menos uma das três escolhas contábeis analisadas. Por fim, utilizando a métrica de Comparabilidade dos Sistemas Contábeis desenvolvida por Barth et al. (2012), a presente pesquisa mensurou o nível de comparabilidade das informações contábeis entre as diversas combinações de clusters, com a finalidade de avaliar se as empresas eram mais comparáveis quando usavam exatamente a mesma prática contábil ou quando utilizavam práticas contábeis diferentes. Os resultados corroboram a tese proposta de que a existência de escolhas contábeis nas IFRS pode ser necessária para que as empresas utilizem as práticas contábeis que melhor refletem a substância econômica dos eventos, considerando a influência do ambiente cultural e institucional em que estão inseridas. Foram encontrados indícios de que a eliminação de escolhas contábeis, como a dos investimentos em joint ventures e de benefícios a empregados, pode reduzir a comparabilidade das informações contábeis, já que as empresas eram mais comparáveis quando utilizavam práticas contábeis diferentes. Assim, há evidências de que a adoção de padrões contábeis mais flexíveis contribui para a obtenção da comparabilidade em países com ambientes diferentes, reiterando que a substância econômica é mais importante que a forma. A principal contribuição desta pesquisa é fornecer evidências de que a obrigatoriedade de utilização da mesma prática contábil por empresas localizadas em ambientes culturais e institucionais diferentes pode resultar em uniformidade, mas não em comparabilidade das informações contábeis.