Compreendendo as estratégias de sobrevivência de jovens antes e depois da internação na FEBEM de Ribeirão Preto.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Almeida, Marília Mastrocolla de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-18022003-152340/
Resumo: Historicamente, as crianças e os jovens marginalizados buscam várias alternativas para conseguir recursos para o próprio sustento ou de sua família. Dentre elas, sempre estiveram o ato infracional, o trabalho infantil e o trabalho em situação de rua. Há, atualmente, um grande contingente desses “trabalhadores", o que torna explicita as falhas das políticas públicas com essa população. A principal ênfase das políticas de atendimento tem sido a inclusão desses jovens no trabalho, como a forma de promover a “inclusão social" dos mesmos. Sendo assim, o presente trabalho teve como proposta contribuir com essa problemática, realizando um caracterização geral e conhecendo as estratégias de sobrevivência para conseguir dinheiro e acesso aos bens de consumo de 104 jovens internos na FEBEM de Ribeirão Preto no período de junho a agosto de 2000. Foram utilizados para coleta dos dados um roteiro estruturado para a realização de entrevistas individuais e a realização de notas em diário de campo para registro das atividades realizadas durante o estudo. Dentre os resultados encontrados observamos que a maioria dos jovens reside em bairros periféricos de Ribeirão Preto e tem escolaridade de 5a e 6a série incompletas. A maioria dos jovens foi internado devido a prática de roubo e homicídio, sendo a faixa etária predominante, na primeira internação, a de 16-17 anos. Quanto as estratégias de sobrevivência observamos que todos os 104 jovens realizaram alguma atividade para ganhar dinheiro e ter acesso aos bens de consumo na sua vida. No entanto, observamos uma diferença na variedade e na quantidade de atividades realizadas pelos jovens se considerarmos a internação na FEBEM, pois, a maioria realizou, antes da internação na FEBEM, as Atividades Ilegais, principalmente o Trabalho Infantil e o Ato Infracional e as Atividades Legais associadas às Atividades Ilegais. Enquanto que, após a internação na FEBEM, foram relatadas predominantemente as Atividades Ilegais, principalmente o Ato Infracional. Percebemos que as atividades de maior duração foram o Ato Infracional e o Trabalho Infantil e a faixa etária para início das Atividades Ilegais foi de 9 a 13 anos e para as Atividades Legais foi de 14 anos. Quanto aos motivos para a interrupção das atividades, encontramos que: a demissão, o tipo de atividade realizada e o valor da remuneração, foram motivos semelhantes para a interrupção do Trabalho Infantil, do Trabalho Juvenil e do Trabalho em Regime de Aprendizagem. O encaminhamento do jovem para a FEBEM também foi citado como um motivo para interrupção dessas atividades e também do Ato Infracional. O Ato Infracional foi a atividade que fornecia maior quantia em dinheiro, sendo esse, utilizado principalmente para comprar roupas e com diversão. A maioria dos jovens entrevistados relatou que após a última internação, gostaria de realizar uma Atividade Legal. Encontramos também jovens que não definiram o que gostariam de fazer após a desinternação e jovens que responderam que não gostariam de realizar atividade pois tinham o interesse em voltar a estudar e também por estar correndo risco de vida. Dessa forma então concluímos que esses jovens buscaram várias alternativas, na grande maioria ilegais para conseguir dinheiro e acesso aos bens de consumo, mostrando a necessidade dos jovens em adquirir mais autonomia para vivenciarem a juventude e o pouco acesso às Atividades Legais de seu interesse. Observamos também que nem todo os jovens gostariam de trabalhar e aqueles que mencionaram esse interesse, gostariam de realizar atividades diferentes daquelas vivenciadas, ou seja, que não fosse caracterizadas como subemprego e possibilitassem pouca mobilidade social.