Estudo dos efeitos vasculares da infecção induzida pelo arbovírus Chikungunya

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira Neto, José Teles de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-04082021-124940/
Resumo: O vírus Chikungunya (CHIKV) é um arbovírus reemergente, cuja infecção causa doença febril associada a fortes dores nas articulações, mialgia e comprometimento cardiovascular. Embora a resposta imune ao CHIKV seja bem descrita, demonstrando a participação de diversas células do sistema imune, um melhor entendimento dos mecanismos de interação vírus-hospedeiro que afetam o sistema vascular pode levar a intervenções terapêuticas mais eficazes. Há evidências que a Chikungunya está associada a sintomas de bradicardia e hipotensão, além de outros efeitos cardiovasculares, incluindo a geração de espécies reativas de oxigênio (EROs) e produção de citocinas pró e anti-inflamatórias. Considerando que a resposta inflamatória e o equilíbrio redox são capazes de interferir na homeostase vascular, foi testada a hipótese que a infecção por CHIKV compromete a função arterial por ações diretas em células vasculares e por mecanismos que envolvem estresse oxidativo. Foram utilizados camundongos C57BL/6J, machos, com seis semanas. Os camundongos foram divididos em dois grupos experimentais: 1) infectados com CHIKV e 2) Mock-veículo. Os camundongos foram infundidos com CHIKV (1,0 x 106 PFU) ou meio de cultura pela via intracaudal. A função vascular foi avaliada em anéis de aorta torácica usando um miógrafo para registrar a tensão isométrica. Células endoteliais (EA.hy926) foram infectadas com CHIKV (MOI 1.0). A produção de ROS foi avaliada por quimiluminescência com lucigenina e a expressão de proteínas, por western blot. Diferenças significativamente estatísticas foram consideradas quando p <0,05. Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (171/2019). Os camundongos infectados apresentaram menor resposta vasoconstritora a FEN 48 horas (h) após a infecção (Rmax CHIKV = 126,8 ± 4,34*; Rmax Mock = 178,8 ± 5,04), que foi restaurada peloinibidor de NOS (L-NAME 300 &micro;M) (Rmax CHIKV = 219,7 ± 10,66; Rmax Mock = 214,4 ± 6,81) e remoção do endotélio. Não houve diferença na resposta vasodilatadora à ACh (Rmax CHIKV = 88,22 ± 2,85; Rmax Mock = 85,37 ± 1,78). Aortas de camundongos infectados com CHIKV apresentaram aumento da geração de ROS [Lucigenina (RLU) - Basal: 88,6 ± 4,7; CHIKV: 163,7 ± 17,0]. A infecção por CHIKV aumentou a expressão proteica de iNOS e fosfo-NF-&kappa;B p65, porém diminuiu a expressão de NF-&kappa;B p65. Em células endoteliais, o CHIKV induziu a produção de EROs e aumentou a expressão da proteína endotelial ICAM- 1, relacionada a processos de ativação endotelial. Estes dados sugerem que o aumento da produção de EROs e expressão da iNOS, desencadeado pela ação direta do CHIKV em células vasculares, altera a sinalização de NO, promovendo ativação de células endoteliais e processos inflamatórios, com consequente disfunção vascular. Sendo assim, esse estudo fornece novas evidências para o envolvimento de disfunção vascular associada alterações nas vias ROS/NF-kB/iNOS/NO na patogênese de Chikungunya.