O processo de (trans)formação da comunicação ao longo dos cinco primeiros meses de vida: um estudo de caso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Rodrigues, Luciana Aparecida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-23102013-141120/
Resumo: Com o objetivo de compreender o desenvolvimento de bebês humanos, realizou-se um levantamento bibliográfico para se discutir alguns processos a eles atrelados. Nesse levantamento, apreendeu-se que os bebês apresentam amplo repertório de competências e capacidades, que são fundamentais para o estabelecimento e a manutenção de suas interações sociais. Destacou-se ainda que a natureza dessas interações envolve características como sincronia, co-regulação e contingência de comportamentos exibidos pelos bebês e parceiros e são entremeadas por comunicação. Nas investigações voltadas especificamente a esta última temática, sinalizou-se o estabelecimento precoce de um sistema de comunicação entre díade, bem como foram indicados os meios através dos quais a comunicação principia e com os quais as habilidades comunicativas podem ser iniciadas. Porém, na maioria dessas investigações, não se priorizou a microgênese dos processos de (trans)formação da comunicação do bebê. Considerando essa lacuna, objetivou-se: a) destacar algumas das formas do bebê se expressar, através das quais se apreende o estabelecimento e a manutenção da comunicação com seu(s) parceiro(s), situando-as em relação ao contexto sociocultural onde se desenvolvem; e b) investigar empiricamente a concretude dessas transformações, ao longo dos cinco meses iniciais de vida. O objetivo foi conduzido tendo como base a perspectiva teórico-metodológica da Rede de Significações (RedSig), encontrando em Vygotsky, Bakhtin e Wallon sua fundamentação teórica. O estudo empírico estruturou-se através de um estudo de caso, longitudinal, acompanhando o bebê Marina, ao longo de todo primeiro ano de vida. O registro foi feito através de gravações em video, de uma hora contínua, preponderantemente no ambiente doméstico. Nos seis primeiros meses, as gravações foram semanais e, nos subseqüentes, quinzenais. O material gravado resultou num acervo de 40 horas, dentre as quais se optou por transcrever microgeneticamente apenas as dos seis primeiros meses de coleta. Dessas transcrições, foram selecionados cinco episódios, nos quais se realizou uma análise microgenética para discussão dos resultados. Ao longo desses cinco episódios, foram destacados os meios de comunicação de Marina e as transformações das formas de se expressar, particularmente aquelas referentes aos olhares, sorrisos e vocalizações. Destas, destacou-se o estabelecimento e a manutenção da comunicação entre Marina e seus cuidadores, em um contexto de interação, onde se privilegia a proximidade e/ou contato corporal com a menina, as trocas face-a-face e o direcionamento da atenção daqueles familiares exclusivamente a ela, além da sensibilização deles às situações de contato visual e trocas verbais/vocais. Também foram apresentadas diferentes configurações desse processo de transformação, a partir da discussão do encadeamento e entrelaçamento de diversos elementos - por exemplo, as características da espécie humana e das pessoas em interação -, ao longo de cada episódio e destes entre si. A exposição de tais elementos foi fundamental para se demarcar efetivamente a processualidade da transformação da comunicação de Marina. Por fim, aponta-se a necessidade de serem realizados outros estudos que também analisem microgeneticamente a concretude do processo de transformação da comunicação humana.