Aquisição lexical no desenvolvimento normal e alterado de linguagem : um estudo experimental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Gandara, Juliana Perina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04072008-143225/
Resumo: A aquisição lexical é uma das primeiras manifestações observáveis no desenvolvimento normal da linguagem, e, portanto, alterações nesse processo constituem um marco inicial das Alterações no Desenvolvimento da Linguagem (AEDL). O objetivo principal deste trabalho foi investigar a aquisição lexical de crianças normais e aquelas com AEDL em três situações de apresentação de novas palavras, que reproduziam contextos freqüentemente usados na intervenção fonoaudiológica. Vinte e uma crianças com AEDL (GP) e 30 em desenvolvimento normal (GC), todas na faixa etária de três anos, foram randomicamente designadas a um dos subgrupos de exposição: G1 - brincadeira simbólica, G2 - jogo, G3 - interação baseada em livro de história. As mesmas cinco não-palavras foram apresentadas em quantidade controlada aos sujeitos de cada subgrupo, em três sessões de interação, na presença dos respectivos referentes, também desconhecidos. O desempenho dos sujeitos foi analisado considerando a situação natural de interação (Etapa I) e tarefas de nomeação, compreensão e reconhecimento das novas palavras em um pós-teste realizado a cada sessão (Etapa II). Para melhor discussão dos dados, a pesquisa foi dividida em três estudos. O Estudo 1 analisou o desempenho do GC no procedimento experimental, e mostrou algumas diferenças do GC3 em relação aos outros subgrupos de exposição nas medidas referentes à Etapa I, refletindo que a presença física dos referentes, a demanda atencional e o nível de maturidade simbólica necessários para a aquisição podem ter influenciado as respostas dos sujeitos desse subgrupo. Os sujeitos do GC, de maneira geral, apresentaram melhores habilidades de compreensão que de nomeação, e evoluíram ao longo das sessões em relação às variáveis que indicaram aquisição (produção espontânea na Etapa I; compreensão e nomeação na Etapa II). O Estudo 2 analisou o desempenho do GP no procedimento experimental, contrastando os resultados com os apresentados pelo GC, e mostrou que os processos envolvidos e a influência das variáveis analisadas foram os mesmos para os dois grupos. As diferenças entre eles foram quantitativas e qualitativas, sugerindo que as crianças com AEDL necessitam de maior quantidade de experiências e demoram mais tempo do que seus pares em desenvolvimento normal para adquirirem uma nova palavra. Tanto no GC quanto no GP, a imitação não-solicitada foi utilizada por alguns sujeitos como estratégia para a aquisição das palavras, mostrando correlação positiva com a ocorrência de produções espontâneas. O Estudo 3 correlacionou as habilidades demonstradas pelos sujeitos dos dois grupos em adquirir palavras e o domínio lexical medido em prova específica de vocabulário expressivo. A correlação positiva entre essas habilidades, nos dois grupos, e ainda com a quantidade de intervenção fonoaudiológica anterior recebida pelos sujeitos do GP sugeriram que a prática em adquirir palavras influenciou positivamente o desempenho na tarefa de aquisição dos novos itens lexicais. Considerados em conjunto, os resultados mostraram grande variabilidade de desempenho em ambos os grupos, indicando que a aquisição lexical é um processo individual e heterogêneo, e que as habilidades de cada criança com AEDL devem ser consideradas individualmente no processo terapêutico para que este seja o mais efetivo possível.