Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2001 |
Autor(a) principal: |
Nunes, Vania Lucia Brandão |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-26032020-123806/
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Resumo: |
As leishmanioses são agravos à saúde causados por protozoários do gênero Leishmania Ross, 1903, que se encontram largamente difundidas no mundo. Em Mato Grosso do Sul, a leishmaniose tegumentar se faz presente na maioria dos municípios e em todos os da região sudoeste do Estado e a leishmaniose visceral encontra-se em expansão. Estudos descritivos foram realizados, em 1998 e 1999, sobre a fauna flebotomínea, e em 1999, na população humana e, de maio a dezembro de 1999 de inquérito soroepidemiológico em cães e em equídeos no Assentamento Guaicurus, situado a 20°27\'LS, 56°52\'LW, na parte central da Serra da Bodoquena, município de Bonito, região sudoeste do Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, com vistas a identificar condicionantes para a ocorrência de leishmanioses naquela localidade. Dos 131 lotes do Assentamento Guaicurus, 74 (56,5%) estão ocupados pelos proprietários, 9 (6,9%), arrendados a terceiros e 48 (36,6%), vazios. As moradias e seus anexos, na grande maioria, são pobres. O grau de escolaridade dos chefes de família é nulo ou restrito ao primeiro grau incompleto e às crianças e adolescentes é oferecido, apenas, o ensino de 1° grau. O saneamento básico é deficiente: a água é escassa, sem tratamento e mal armazenada; os dejetos ficam a céu aberto em 42,6% das casas, enquanto que, o lixo é lançado nos quintais em 45,8% das moradias. A localidade não dispõe de telefone ou de rádio amador. Os chefes de família são pequenos lavradores que vivem da agropecuária tradicional. Não têm cooperativa e não são sindicalizados. No período do estudo, foram notificados sete casos de leishmaniose cutânea em moradores do Assentamento Guaicurus e um caso em índio kadweos do Campo dos Índios. Todos os pacientes eram do sexo masculino, com idades entre 19 a 48 anos. O parasita obtido de biópsia cutânea e inoculado em hamster e meio de cultura 3N-BHI, foi identificado como Leishmania (Viannia) braziliensis pela reação de imunofluorescência indireta, utilizando anticorpos monoclonais. Seis pacientes, quando adquiriram a infecção, trabalhavam como empreiteiros em fazendas fora do Assentamento Guaicurus. Dois pacientes relataram o hábito de caçar em cevas. A transmissão da parasitose na população humana naquela localidade pode ser considerada como decorrência de risco ocupacional e cultural, em que aos determinantes biológicos somam e interagem os ecológicos, os econômicos, os sociais e os culturais. As capturas de flebotomíneos resultaram na identificação de 9 gêneros e 14 espécies. No Assentamento Guaicurus, houve nítido predomínio de Lutzomyia longipalpis que se fez presente em quase todos os ambientes estudados e mostrou freqüência mais expressiva em abrigos de animais domésticos. No Campo dos Índios, reserva indígena dos kadwcos c no retiro da Fazenda Salobrão, localidades limítrofes incluídas no inquérito sobre flebotomíneos, a espécie mais freqüente foi Nyssomyia whitmani. Foram examinados 65 eqüídeos; em nenhum foi constatada lesão cutânea compatível com leishmaniose tegumentar e todos apresentaram-se não reagentes à reação de imunofluorescência indireta para leishmaniose. Em um total de 97 cães examinados, a maioria apresentou estado nutricional bom e aparência sadia, exceto, pela presença de ectoparasitas e alterações no tegumento. Dentre esses animais, 23 (23,7%) foram reagentes à reação de imunofluorescência indireta para leishmaniose com títulos variando de 20 a 640. Amostras do parasita, isoladas a partir de aspirado medular, foram identificadas, pela reação de imunofluorescência indireta utilizando anticorpos monoclonais, como Leishmania (Leishmania) chagasi. À luz dos fatores investigados, a veiculação de leishmaniose visceral entre a população canina do Assentamento Guaicurus pode ser atribuída à L. longipalpis, enquanto que, N. whitmani parece ser a responsável pela transmissão de casos humanos de leishmaniose tegumentar no Barreirão, no Campo dos Índios. A alta densidade populacional de Lutzomyia almerioi em cavernas, não só no Assentamento Guaicurus, como ao longo do Planalto da Bodoquena, seu elevado grau de antropofilia e atividade diurna, somados à implementação do ecoturismo para a região sudoeste de Mato Grosso do Sul, recomendam um planejamento cuidadoso das atividades de turismo para a área. |