As salas de leitura em territórios vulneráveis: das diretrizes oficiais aos projetos de ensino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Santana, Luciene de Cassia de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-06062018-104050/
Resumo: Neste trabalho, objetiva-se conhecer e analisar as representações de leitura e de leitor em práticas pedagógicas desenvolvidas em escolas localizadas em contexto de vulnerabilidade social. Para tanto, buscamos: a) caracterizar quais as representações de ensino de leitura e de leitor em espaços escolares vinculados à formação de leitores nas Salas de Leitura da Rede Municipal de Ensino de São Paulo RMESP, localizadas em território vulnerável, tendo como corpus de análise os planos de trabalho elaborados pelos professores que atuam nesses ambientes, bem como a legislação (Decreto e Portaria) que regulamenta o Programa Sala de Leitura e o material de apoio intitulado Leitura ao Pé da Letra; b) observar como as representações de leitura nos respectivos projetos respondem às diretrizes oficiais institucionalizadas pelo poder público dispostas nas legislações e no material de apoio acerca do aprendizado da leitura e da formação de leitores e ao contexto social do território investigado; c) analisar o que se propõe como leitura nos planos de ensino elaborados pelos professores que atuam nas Salas de Leitura em territórios vulneráveis. A análise se fundamentou no conceito de representação, como proposto por Chartier (1996), e nas proposições sobre a valoração e distribuição social dos bens culturais e simbólicos (BOURDIEU, 1987), para entendermos como as representações se materializam nos discursos e práticas de sujeitos e instituições (FOUCAULT, 2013). Diante disso, consideramos três eixos de abordagem para análise dos planos: a formação acadêmica do professor, a legislação que regulamenta o processo de ensino e aprendizagem da leitura, e a resposta dos planos ao contexto social do território investigado. Esses elementos, a nosso ver, se materializam nas temáticas selecionadas para o aprendizado da leitura, na metodologia proposta nos planos de ensino e no uso de outros suportes e/ou recursos que não a escrita para o ensino da leitura. Observou-se com a análise realizada que os projetos que mais se associam às diretrizes oficiais são os que mais se distanciam do território investigado. Por outro lado, os projetos que respondem às condições de vulnerabilidade social acerca do aprendizado da leitura são os que menos se relacionam com as normas e os regulamentos legitimados pelo poder público no que diz respeito à formação de leitores e, simultaneamente, parecem estabelecer uma relação intrínseca entre a formação acadêmica do professor e os conteúdos de ensino. Nesse sentido, as representações dispostas nos planos, ora dialogam com o contexto de vulnerabilidade social, ora com a legislação, ora com as bases epistemológicas em que se fundamentam a formação do professor, evidenciando que os sujeitos, ao construírem as representações sociais sobre o ensino da leitura em determinado tempo e espaço, sobretudo em territórios vulneráveis, lidam com possibilidades de ajustes, combinações ou resistências (CHARTIER, 2009), dado que as regras institucionais não podem ser totalmente transgredidas. Por isso, acreditamos que a formação crítica do leitor na Sala de Leitura somente pode se realizar se fundamentada numa concepção pluralista de leitura e de leitor, uma vez que as representações de ensino de leitura e de formação de leitores são heterogêneas e multifacetadas, tendo em vista a diversidade dos contextos sociais e as diversas formações dos professores que atuam nesses contextos, evidenciando-se que o ensino e o aprendizado da leitura não se fazem do mesmo modo para diferentes grupos sociais.