O cronotopo sala de leitura e a formação do leitor literário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Scheffer, Ana Maria Moraes lattes
Orientador(a): Micarello , Hilda Aparecida Linhares da Silva lattes
Banca de defesa: Lopes, Jader Janer Moreira, Santos, Núbia Aparecida Schaper, Bortolin, Sueli, Macedo, Maria do Socorro Alencar Nunes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10076
Resumo: Esta tese tem por objetivo conhecer e compreender qual tem sido o papel da sala de leitura na formação do leitor literário a partir das mediações de leitura literária desenvolvidas nesse cronotopo em escolas da rede municipal de ensino de Juiz de Fora/MG. Trata-se de uma investigação de cunho qualitativo de abordagem histórico-cultural, cujas análises dos dados estão fundamentadas nos estudos de Bakhtin sobre a filosofia da linguagem e de Vigotski sobre a psicologia de base social. A partir do conceito bakhtiniano de cronotopo e dos conceitos de mediação e vivência em Vigotski, foi possível refletir sobre o trabalho desenvolvido com a literatura no tempo-espaço das salas de leitura, considerando os espaços físicos concretos, o acesso ao acervo e as mediações de leitura literária desenvolvidas durante as observações realizadas ao longo da pesquisa. A literatura é vista como um direito inalienável de todos os seres humanos, que congrega a possibilidade de viver experiências estéticas, de autoconhecimento e de ampliação dos referenciais do mundo. A sala de leitura é concebida como cronotopo, um tempo-espaço de mediações, de interações, de trocas simbólicas, de vida, de eventos dialógicos, de formação de leitores. Como procedimentos metodológicos de pesquisa foram adotados o questionário, a observação e a análise dos Projetos Político-Pedagógicos de quatro escolas da rede municipal de Juiz de Fora/MG, que se constituíram campo de pesquisa. Os sujeitos são os docentes que atuam nas salas de leitura das referidas escolas participantes da pesquisa. Por meio da análise dos dados, foi possível compreender que o tempo-espaço da escola, por ser instantâneo, impacta as vivências dos alunos com a literatura, impedindo ou interrompendo a intensidade do cronotopo sala de leitura e, muitas vezes, não favorecendo a interação e a interlocução entre leitores e textos e entre leitores e leitores. A despeito de todo o esforço empreendido pelas professoras participantes da pesquisa na tentativa de realização de um trabalho com a literatura, a sala de leitura é considerada de forma inespecífica no planejamento das ações pedagógicas das instituições pesquisadas, o que a torna um espaço vulnerável na escola. Apesar de a leitura literária estar presente nas práticas de leitura, em certa medida, a potencialidade da linguagem literária não é ainda explorada e vivida plenamente em função da temporalidade que orienta os trabalhos nas escolas. Nesse sentido, a tese aponta que o papel da sala de leitura na formação do leitor literário assume centralidade por ser um tempo-espaço que potencializa interações atravessadas por uma dimensão estética própria desse cronotopo, no qual os tempos-espaços dos sujeitos em interação se entrecruzam aos tempos-espaços das obras que vão sendo compartilhadas e apropriadas pelos sujeitos. Isso se torna possível quando as mediações em torno do texto literário consideram o jogo de sentidos que se dá entre leitor e texto.