O povo e o paraíso dos abastados: Rio de Janeiro, 1900/1920 (crônicas e outros escritos de Lima Barreto e João do Rio)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Santos, Poliana dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-27082018-145311/
Resumo: Esta tese tem o objetivo de compreender a experiência da cultura popular nos anos iniciais da República brasileira (1900-1920), mostrando as tensões culturais e as resistências cotidianas das camadas pobres e remediadas do Rio de Janeiro, então capital do país. Pretende-se analisar as táticas e os modos alternativos de manutenção do povo, num contexto marcado por um projeto de modernização, no qual se mesclava uma trágica situação de miséria e de inflação. Nesse sentido, interroga-se quais ferramentas e recursos as pessoas comuns se dispuseram para enfrentar a carestia da vida, os elementos excludentes e a força da modernidade? A hipótese levantada é que as classes inferiorizadas não estavam completamente fora do plano de modernização incitado pelas elites cariocas, obtendo ganhos e apropriando-se de valores que atendiam aos padrões de conforto e de civilização burguesa. Foi mergulhada nos tempos modernos que a gente humilde combateu os altos preços dos alimentos, assegurando-se de vários instrumentos de sobrevivência: cartas publicadas nos jornais, cantigas de protestos apresentadas nas ruas e festas; ocupação de funções simbólicas do momento, a exemplo do chofer; venda ambulante de produtos considerados chiques, entre outros. Posto isso, esta investigação se fundamenta numa gama de documentos, em especial, nas crônicas de Lima Barreto e João do Rio, elaborando um diálogo fecundo entre história e literatura. Estes escritores são figuras importantes para se pensar e remontar a vida urbana dos pobres no Rio de Janeiro, visto que registraram em detalhe a rotina e as facetas da população carente na cidade. Outras fontes utilizadas foram posturas de infração, relatório da polícia administrativa, série de mercados, série de mendigos, série de asilo, epístolas divulgadas na imprensa, charges e artigos de periódicos. O procedimento para examinar esse material foi o método indiciário proposto por Carlo Ginzburg, além da análise literária, em que se prioriza a articulação entre a forma e o dado histórico, seguindo a tradição de estudiosos como Antonio Candido e Alfredo Bosi. A abordagem cultural da história foi, da mesma maneira, basal para compreender o sujeito central desta tese: o povo, buscando sua significação, pluralidade e complexidade nas reflexões de historiadores como Peter Burke, Natalie Zemon Davis e E. P. Thompson. Enfim, acredita-se que esta investigação é bastante significativa porque traz novas informações sobre a experiência popular no começo da República no Brasil, revelando os pobres como figuras ativas e participativas no decurso de modernização do país e na luta contra a inflação.