A estrutura sintática das chamadas construções resultativas em PB

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Barbosa, Julio William Curvelo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-07102008-151004/
Resumo: Neste trabalho, retomaremos a questão sobre a existência de construções resultativas no português brasileiro (PB), conforme debatido nos trabalhos de Foltran (1999), Marcelino (2000), e Lobato (2004), inter alia, apresentando evidências teóricas e empíricas contra a afirmação de que existam em PB construções resultativas sintaticamente ou semanticamente equivalentes às construções resultativas presentes em línguas como o inglês, por exemplo. A partir de alguns trabalhos sobre as construções resultativas do inglês, como Hoekstra (1988) e Levin & Rappaport-Hovav (1995), mostraremos que as propriedades básicas dessas construções no inglês se mostram bem distintas das propriedades das construções citadas pelos trabalhos sobre o PB. Com base em um critério que leva em conta as propriedades das construções resultativas no inglês, mostraremos que existe uma diferença semântica quanto ao tipo de modificação que o predicado resultativo exerce sobre a sentença em inglês e em PB, baseados na semântica de eventos neo-Davidsoniana (PARSONS, 1990); enquanto na primeira o predicado resultativo denota o estado resultante da ação, na segunda, o predicado secundário é, na verdade, um modificador do estado resultante, já denotado pelo conteúdo semântico expresso no complexo verbo+argumento interno. Baseados na tipologia de Talmy (2000), estenderemos sua proposta de impossibilidade de amálgama (conflation) de certos elementos semânticos ao verbo em línguas românicas à impossibilidade de formação de resultativas. Incapaz de realizar amálgama de modo ao verbo, o PB realiza, ao invés do modo, a semântica de causa amalgamada ao co-evento no verbo, enquanto inglês realiza a semântica de estado resultante em um satélite, e modo e causa amalgamados ao verbo. A partir dos resultados obtidos pela nossa análise semântica, conduziremos uma análise sintática que explica tanto a restrição de amálgama de modo quanto à impossibilidade de formação de construções resultativas em PB. Baseados na teoria de estrutura argumental de Hale & Keyser (1993, 2002), iremos propor uma estrutura de predicados complexos para as resultativas do inglês a partir da estrutura de verbos deadjetivais, responsáveis pela formação de verbos inacusativos. A restrição de formação desses predicados complexos em PB é explicada pela marcação negativa do Parâmetro de Composicionalidade nessa língua, (SNYDER, 1995), impedindo a inserção de itens lexicais de classe aberta (raízes) em posições marcadas com o traço [+Afixal], condição sine qua non para a formação de predicados resultativos como os do inglês.