Padrões organizacionais familiares de crianças que convivem com a depressão materna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cilino, Marina Delduca
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-06062017-140138/
Resumo: A depressão materna, em função das características típicas do transtorno, afeta as relações familiares e as funções maternas, sendo reconhecida como uma condição de adversidade ao desenvolvimento infantil. Nas publicações científicas, constitui-se em uma lacuna, estudos que abordem com uma mesma amostra as condições de adversidade e de proteção que podem influenciar o comportamento das crianças em idade escolar. Objetivou-se: a) identificar e comparar os padrões organizacionais familiares de crianças, em idade escolar, que convivem com a depressão materna, em comparação com os de crianças que convivem com mães sem história psiquiátrica, tendo como foco o comportamento das crianças, as adversidades e os recursos do ambiente familiar; b) verificar as possíveis associações entre padrões de organização familiar, adversidades e recursos do ambiente familiar e problemas de comportamento de crianças. Adotou-se um delineamento transversal correlacional de comparação de grupos. A amostra incluiu 100 díades mães-crianças, distribuídas em dois grupos, a saber: G1 - 50 díades mães-crianças, cujas mulheres/mães apresentam história de depressão recorrente; e G2 - 50 díades mães-crianças, cujas mulheres/mães não apresentam história de depressão ou de qualquer transtorno psiquiátrico. Foram incluídas mulheres na faixa etária entre 25 e 45 anos, e seus filhos biológicos, de ambos os sexos, com idade escolar (7 a 12 anos), com nível intelectual maior ou igual ao nível médio inferior. Procedeu-se à coleta de dados com mães e crianças, em sessões individuais, com a aplicação dos seguintes instrumentos: (a)Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV; (b) PHQ-9; (c) teste das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (d) Questionário Geral; (e) Questionário de Capacidades e Dificuldades; (f) Escala de Eventos Adversos; (g) Escala de Adversidades Crônicas; (h) Inventário de Recursos do Ambiente Familiar; (i) Entrevista com Roteiro Semi-Estruturado para avaliação dos padrões organizacionais. Os instrumentos foram codificados conforme as normas técnicas e as entrevistas foram transcritas e codificadas, de acordo com categorias pré-definidas. Foram realizadas comparações entre os grupos por meio de testes estatísticos e adotou-se o nível de significância de p 0,05. Verificou-se que G1, em comparação ao G2, apresentou significativamente mais problemas comportamentais (G1: =15,12; d.p.=6,92 e G2: =9,08; d.p.=6,64), eventos adversos (G1: =14,08; d.p.=5,12 e G2: =8,38; d.p.=4,08), adversidades crônicas (G1: =3,92; d.p.=1,82 e G2: =2,22; d.p.=1,61), e menos recursos do ambiente familiar (G1: =57,76; d.p.=10,49 e G2: =62,12; d.p.=8,66)e padrões de organização familiar (G1: =17,98; d.p.= 4,58 e G2: =24,60; d.p.=4,97). Foram detectadas correlações fortes e positivas da depressão materna com o total de padrões de organização familiar (= -0,600) e com as categorias flexibilidade e reorganização ( = -0,576) e estabilidade de rotinas e administração do tempo ( = -0,537), além de correlações negativas e moderadas entre problemas comportamentais das crianças e indicadores positivos de padrões de organização familiar (p = -0,381). Considera-se que o estudo, ao evidenciar a influência dos padrões de organização familiar para o comportamento de escolares, permitiu ampliar a compreensão sobre condições contextuais de crianças que convivem com a depressão materna, o que pode favorecer o planejamento de ações preventivas e interventivas em saúde mental