Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Polettini Neto, Alexandre |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-03052019-175634/
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Resumo: |
Os benefícios conferidos a organismos que vivem em grupo podem ser maiores em grupos formados por parentes, que em grupos formados por não-parentes, pois, quando um individuo coopera com parentes, está aumentando a probabilidade de cópias de seus próprios genes serem passados aos descendentes do seu parente (sucesso reprodutivo inclusivo). Agregações não-sociais formam-se em resposta a características ambientais atraentes aos indivíduos, enquanto agregações sociais formam-se a partir da atração entre os indivíduos. A atração ou repulsão entre indivíduos é possibilitada por mecanismos de reconhecimento (de parentes, coespecíficos, parceiros sexuais, vizinhos, rivais, presas ou predadores), que são essenciais ao sucesso reprodutivo de organismos de diversos táxons, pois estão envolvidos em importantes processos ecológicos e comportamentais, como formação de agregação, territorialidade, reprodução, detecção de alarmes de predação, discriminação de alimentos e micro-hábitats, cooperação e competição. Em algumas espécies de anfíbios anuros, o reconhecimento de parentes e de coespecíficos é desenvolvido na fase embrionária ou larvária, podendo permanecer após a metamorfose e, na fase reprodutiva, contribuir para evitar endogamia e hibridação. O presente estudo buscou analisar, por meio de experimentos em laboratório, a presença ou ausência do reconhecimento de irmãos e coespecíficos em girinos de Rhinella icterica e R. ornata, duas espécies simpátricas que apresentam comportamento de formação de cardumes. Coletamos ovos das duas espécies em campo e os cultivamos em laboratório, segundo diferentes regimes. Os girinos foram submetidos a experimentos de escolha entre grupos de irmãos e não-irmãos, criados juntos ou separados, e entre grupos de coespecíficos e heteroespecíficos. Os girinos das duas espécies não apresentaram discriminação entre irmãos e não-irmãos, independentemente dos regimes de criação. Os girinos de R. icterica preferiram associar-se com coespecíficos a girinos de R. ornata e pudemos constatar que esse comportamento de discriminação é inato. Os girinos de R. ornata falharam na discriminação entre coespecíficos e girinos de R. icterica. Quando submetidos à escolha entre um grupo de girinos da outra espécie e um compartimento vazio, os girinos de R. icterica apresentaram distribuição aleatória, enquanto que os girinos de R. ornata preferiram associar-se com os girinos heteroespecíficos. Os resultados indicam que girinos de R. icterica podem usar a habilidade de reconhecimento para associar-se com girinos da mesma espécie, enquanto girinos de R. ornata devem agregar-se indiscriminadamente. A diferença entre os resultados obtidos com duas espécies estreitamente relacionadas, ecológica e geneticamente, indica que não pode haver generalizações quanto à presença e à expressão desses comportamentos em larvas de anuros. Este trabalho proporcionará bases para um maior entendimento sobre a ecologia comportamental da fase larvária dessas espécies e contribuirá para o estudo dos processos evolutivos relacionados aos mecanismos de reconhecimento. |