Obtenção, caracterização e análise comparativa de hidrogéis a base de celulose bacteriana com Calendula officinalis e Jacaranda caroba em dorso de ratos

• Ano de defesa: 2018
• Autor(a) principal: Fontes, Paula Rodrigues
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Bacterial cellulose; Calendula officinalis; Celulose bacteriana; Cicatrização de feridas; Hidrogel; Hydrogel; Jacaranda caroba; Reparação tecidual; Tissue repair; Wound dressing
• Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/82/82131/tde-27022020-172014/

A cura é um processo complexo que envolve eventos celulares e bioquímicos. Vários medicamentos têm sido usados para reduzir o tempo de cicatrização e evitar danos estéticos. Portanto, uma avaliação objetiva, não invasiva e in vivo é necessária para ajudar na determinação da profundidade e do grau de cicatrização da ferida. Um biomaterial pode ser utilizado para melhorar, aumentar ou substituir, parcial ou inteiramente tecidos ou órgãos. A celulose bacteriana é um material altamente hidrofílico, tem a possibilidade de ser moldada em estruturas tridimensionais e suas fibras são nanométricas, com excelente resistência mecânica à tração. Essa estrutura nanofibrilar pode vir a ser uma matriz viável para auxiliar a cura de lesões dérmicas e vem sendo utilizada em diversas aplicações médicas. O uso de plantas medicinais, traz vantagens para o país, como redução da importação de medicamentos promovendo, assim, a autossuficiência e proporcionando à população medicamentos mais baratos e menos agressivos à saúde. As plantas medicinais Calendula officinalis e Jacaranda caroba podem contribuir para a cicatrização de feridas através de suas atividades antiviral, anti-inflamatória, antimicobacteriana, antioxidante, antiulcerogênica, entre outras. Neste trabalho, obteve-se o hidrogel de celulose bacteriana pura e os hidrogéis de celulose bacteriana com Calendula officinalis e de Jacaranda caroba, onde se realizou diferentes caracterizações (microscopia eletrônica de varredura, análise termogravimétrica e espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier). Após estas etapas, foi realizado o estudo in vivo, onde foram feitas as análises macroscópica e histológica dos hidrogéis, comparando com o grupo controle (coágulo). Após 3, 7, 15 e 30 dias, os animais foram sacrificados e os dorsos processados segundo rotina histológica. A caracterização química realizada neste trabalho confirmou a incorporação das tinturas das plantas às matrizes da celulose bacteriana por análise de espectroscopia. A análise da microscopia eletrônica de varredura demonstrou que mesmo após a adição das tinturas das plantas à celulose bacteriana, a estrutura continuou com poros interconectados em todo o material. A análise termogravimétrica indicou que os hidrogéis apresentam propriedades térmicas similares. Os resultados demonstraram que os hidrogéis são biocompatíveis, de fácil fixação, mantêm o local úmido e não danificam o tecido de granulação. O hidrogel de celulose bacteriana com a Calêndula promoveu uma diferença estatística significativa para a reparação tecidual nos períodos de três e setes dias (períodos críticos) comparado com as feridas preenchidas com coágulo (controle) e com o hidrogel de celulose bacteriana pura. Os resultados da avaliação histológica demonstraram diferença estatística significativa para reação inflamatória tecidual entre os tratamentos no período de três dias. Na avaliação da qualidade, quantidade e orientação das fibras colágenas, foi verificada diferença estatística significativa entre os tratamentos no período de sete dias. A análise imuno-histoquímica demonstrou diferença estatística significativa entre os grupos nos períodos de 3, 7 e 15 dias. Os hidrogéis mostraram resultados satisfatórios, principalmente o de celulose bacteriana com Calendula officinalis. Com isso, pode-se concluir que eles contribuem positivamente na reparação tecidual de feridas de pele de ratos.