O dizer e o sentido de uma vida em Merleau-Ponty

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Muraro, Julia Tozzi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-10072024-152359/
Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar a comunicação com outrem, em especial entre terapeuta e paciente, enquanto potência transformadora de uma vida, à luz da fenomenologia de Merleau-Ponty. Uma leitura fenomenológica da comunicação, em especial na clínica psicanalítica, implica em estudar a linguagem, a relação com o outro, com o passado e com a memória em sua facticidade, recolocadas no mundo vivido, na existência. Para isso, foi realizado um estudo teórico, dividido em três artigos, a fim de descrever os fenômenos e destacar a sua dinâmica. No primeiro artigo, tratamos da noção de expressão em Merleau-Ponty. Apresentamos o corpo enquanto potência expressiva e a linguagem como expressão de um sujeito falante que articula o caráter gestual da palavra e o sistema diacrítico da língua, assumindo-a ao mesmo tempo em que ela forma a sua possibilidade de expressão. No segundo artigo, a partir das noções de passividade e instituição, buscamos descrever como o corpo carrega o passado, a memória e as relações de uma vida, e que a significação nunca é fechada, comportando lacunas, ambiguidades e excessos em relação àquilo que é dado à consciência, o que abre a percepção a seu próprio devir e torna possível pensar na retomada dos emblemas de uma vida, a fim de abrir novos campos de experiência possível. No terceiro artigo, a partir das noções de intercorporeidade e inconsciente, buscamos mostrar que a experiência de outrem se apoia primordialmente na experiência sensível, que possui uma negatividade que participa da estrutura perceptiva do mundo. Conjuntamente, apresentamos a interpretação merleau-pontiana de inconsciente enquanto sentir, evidenciando o seu papel nessa estrutura perceptiva, configurando, assim, a nossa experiência. Por fim, buscamos, a partir do aprofundamento de ideias debatidas anteriormente nos artigos, enfatizar a experiência de transformação propiciada por um caso particular de comunicação com outrem: a clínica psicanalítica. Nele destacamos o caráter afetivo dessa relação, articulando a interpretação merleau-pontiana de inconsciente à intercorporeidade e à fala para pensar o movimento de uma vida no campo analítico. Dessa forma, mais do que possibilitar uma compreensão, a relação e a comunicação que se desenrola no campo analítico é de ordem corporal, possibilitando uma experiência que pode recolocar em movimento uma vida em busca de novas relações com o mundo e os outros.