Impasses da educação continuada: a visão dos trabalhadores da enfermagem sobre o processo de trabalho, as tecnologias e a aprendizagem no trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Cunha, Maria Adelina da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6131/tde-10022021-150744/
Resumo: Introdução: No contexto da globalização, por meio da automação e da revolução eletrônica, a mão de obra vem sendo substituída pela máquina. A busca do lucro avança para o controle do trabalho intelectual e a capacidade intelectual passa a ser uma mercadoria capaz de agregar lucro aos produtos e serviços. Na área da saúde, esse processo revela-se na constante incorporação das novas tecnologias e nos pressupostos dos serviços da educação continuada. Objetivos: O presente estudo insere-se nesse debate, tendo como objetivos analisar a maneira como os trabalhadores da enfermagem, que atuam no cuidado direto vivenciam o processo de aprendizagem no dia-a-dia e analisar o sentido atribuído por esses trabalhadores à educação continuada. Metodologia: Para a realização desses objetivos, foram entrevistados em profundidade 25 trabalhadores das equipes de enfermagem, das categorias de auxiliares e técnicos, em setores onde o processo de trabalho envolve alta tecnologia. A pesquisa foi realizada em um hospital público e um hospital privado no Município de São Paulo, entre os meses de setembro de 2003 a abril de 2004. Resultados e Discussão: O processo da reestruturação produtiva acompanhada das novas tecnologias e da precarização no trabalho incide no próprio significado do trabalho da enfermagem. Emerge da fala dos sujeitos a centralidade do cuidado humanizado no processo de trabalho para a própria construção da identidade desses trabalhadores. Esse cuidado envolve o contato e a construção de uma relação de confiança com o usuário. Embora a importância do saber técnico não seja descartada nas suas falas, a central idade que as tecnologias vem ganhando no processo de trabalho é vista como um obstáculo ao cuidado humanizado. A educação continuada, nesse processo, não é reconhecida pelos trabalhadores no seu conjunto e não há uma concepção dessas atividades como um processo amplo. Esse fato indica que a educação continuada pode vir a ter um papel importante e mobilizador das potencialidades dos trabalhadores ao resgatar uma concepção mais ampla voltada para o desenvolvimento dos profissionais. Considerações Finais: A compreensão da experiência, da identidade e dos saberes dos trabalhadores da enfermagem contribui para a re-construção do próprio sentido da profissão. Nesse âmbito, a educação continuada pode configurar-se como um campo de reflexão sobre a assistência da enfermagem, suas contradições e ambivalências, em um mundo em transformação.