Juventude do contexto rural: perspectivas sobre escola no processo dos projetos de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Bramé, Wanderson Diego
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59142/tde-24072023-085521/
Resumo: Diante das condições históricas e contextuais do espaço rural, estão complexidades profundas como a dificuldade de acesso a serviços básicos, vulnerabilidades socioeconômicas, precariedade de moradias, além de questões contemporâneas, ligadas à globalização como conflitos por espaço e dinheiro e necessidades sobre sustentabilidade. Nessa conjuntura surge a juventude rural. Intimamente relacionada com as questões de seu contexto de vida, as experiências do período vão além das do mundo urbanamente normatizado, ligados à terra e agricultura familiar e suas relações de poder geracionais, ao isolamento, falta de referências, bem como às constantes movimentações nesses segmentos. Concomitantemente, estão presentes nesses jovens os processos de escolarização; questões sociais e comunitárias; e preocupações concernentes ao futuro e seus projetos de vida. Diante disso, o objetivo da pesquisa é acompanhar e cartografar os processos de subjetivação de jovens moradores da área rural, considerando as especificidades desse contexto de vida, sobre a participação da educação escolar em seus projetos de futuro. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, com base teórico-metodológica na Esquizoanálise e no método cartográfico. Utilizamos como instrumentos, entrevistas individuais e diário de campo. Participaram 6 jovens, entre 15 e 18 anos. Os convites foram feitos através da estratégia de bola-de-neve. A análise ocorreu através de 4 movimentos: transcrição; reconhecimento dos elementos dos agenciamentos; acompanhamento dos índices desterritorialização; e construção do texto. Os resultados foram apresentados através da metodologia de casos múltiplos, respeitando a apresentação e discussão de cada caso singularmente. Um tema por vez, os blocos da entrevista foram organizados, seguidos da argumentação das movimentações. Os processos de subjetivação foram cartografados, destacando pontos de intensidade de cada agenciamento. No primeiro caso, acompanhamos e discutimos principalmente a existência de relacionamentos abusivos e quais as implicações no ambiente escolar. Na segunda entrevista, foi possível destacar as movimentações sobre carreira e a relação cidade e sítio. Com Gustavo, o terceiro caso, apareceram enunciados sobre a reprodução social na terra e as formas de aprendizado com a família, bem como aversão ao sistema escolar e às pedagogias tradicionais, pensadas exclusivamente para o mundo urbano. A quarta entrevista teve material extenso. A experiência com a rotina na roça, encontros com temas polêmicos de maneira criativa, desafios que teve enquanto mulher para tentar alcançar a continuidade no ensino superior e as nuances do isolamento social enquanto moradora da área rural, foram resultados da entrevista. Bruno, o quinto caso, nos demonstrou como os papéis de gênero no universo rural vêm se desconstruindo e reconstruindo. E a última entrevista mostrou a participação da arte, viabilizada pela escola. Também destacamos, de maneira geral, a experimentação do futuro enquanto um agente de criação, o apreço pelo rural, embora dificuldade em permanecer ali, as dificuldades do ensino à distância para os moradores da roça e as multiplicidades do encontro entre jovem e escola. Concluímos que foi possível alcançar os objetivos propostos, resguardando algumas limitações da pesquisa.