Dinâmica espaço-temporal da febre amarela no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ramos, Daniel Garkauskas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-11092024-142830/
Resumo: Introdução: No século XXI, o Brasil registrou os maiores surtos da história da febre amarela (FA) silvestre no país, colocando-o na primeira posição em produção de casos nas Américas e na segunda posição no mundo. As reemergências do vírus na região extra-amazônica (não endêmica) causaram profundos impactos à saúde pública e à biodiversidade. A despeito dos esforços de vigilância, a dinâmica do ciclo silvestre de transmissão tem desafiado as autoridades de saúde, à medida que o vírus se aproxima cada vez mais dos grandes centros urbanos, infestados por Aedes aegypti, numa diversidade de contextos epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos. Assim, esses estudos propõem-se a ampliar a compreensão sobre o potencial impacto da FA nas populações humanas e sobre a dinâmica de transmissão do vírus, sobretudo dos fatores que desencadeiam as reemergências na região extraamazônica, no sentido de direcionar esforços e recursos para a prevenção de surtos e óbitos pela doença e para a resposta às emergências em saúde pública. Objetivos: Descrever a dinâmica espaço-temporal de ocorrência da FA no Brasil. Os objetivos específicos foram (i) produzir estimativas atualizadas da carga de febre amarela, (ii) identificar fatores contextuais associados à sazonalidade da FA, relacionados à exposição ao risco de infecção, e (iii) descrever os padrões temporais de ocorrência da FA e identificar variáveis que permitam predizer alterações no perfil de transmissão do vírus amarílico. Métodos: Foram realizados três estudos ecológicos. No Objetivo 1, foram ajustados modelos lineares generalizados (GLM) para os dados de ocorrência de FA em função de variáveis ambientais, de adequabilidade de habitat e de diversidade de PNH. No Objetivo 2, foi utilizado um algoritmo de aprendizagem de máquina (Random Forests) para classificar os municípios a partir de dados de distribuição de primatas não-humanos (PNH), de demografia e de sazonalidade das atividades agrícolas (plantio e colheita). No Objetivo 3, modelos lineares generalizados autorregressivos de média móvel (GLARMA) foram utilizados para investigar a associação entre a FA e variáveis climáticas e meteorológicas, com especial interesse nos índices relacionados ao fenômeno El Niño. Resultados: No Objetivo 1, as estimativas de carga global da FA colocam o Brasil na quarta posição em número de óbitos potenciais pela doença em função da elevada força de infecção estimada para a região amazônica. No Objetivo 2, a sazonalidade do plantio e colheita de algumas culturas foram associadas à ocorrência de casos humanos de FA, abrindo caminho para a priorização de ações em áreas e períodos específicos. No Objetivo 3, a ocorrência de FA em humanos e PNH foram associadas a variáveis de temperatura, precipitação, velocidade do vento e índices do El Niño, com diferentes deslocamentos no tempo (lags) e conjuntos de variáveis distintos entre os biomas. Conclusões: Os estudos apresentados incorporam novos conhecimentos sobre os impactos e os fatores preditores da FA e fornecem subsídios para o aprimoramento das estratégias e políticas públicas de vigilância em saúde, para o planejamento e direcionamento das ações e dos recursos disponíveis e para a avaliação das intervenções em saúde.