Alterações cognitivas em pacientes idosos atendidos em ambulatório geral de clínica médica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Jacinto, Alessandro Ferrari
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5138/tde-12012009-172647/
Resumo: INTRODUÇÃO: Alterações cognitivas em pacientes idosos não são freqüentemente detectadas pelo médico generalista, de acordo com a literatura médica. No Brasil, assim como em outros países, o indivíduo idoso é atendido rotineiramente pelo clínico geral. Neste estudo, verificou-se se alterações da cognição em idosos diagnosticadas por especialistas haviam sido detectadas anteriormente pelos médicos generalistas que acompanham estes indivíduos. Verificou-se também se os instrumentos utilizados na detecção de alterações cognitivas tiveram boa eficácia e foi proposto o uso de alguns deles na prática clínica de rotina do médico generalista. MÉTODOS: Neste estudo de corte transversal, de uma lista de indivíduos idosos atendidos por médicos generalistas em dois serviços de clínica médica geral do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, foi selecionada uma amostra de forma aleatória. Foi realizada convocação por telefone para que os idosos participassem de pesquisa clínica na qual teriam uma avaliação cognitiva e funcional realizada por um médico geriatra. Constavam dessa avaliação: Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Short Informant Questionnaire on Cognitive Decline in the Elderly (Short-IQCODE), Bateria Cognitiva Breve (BCB), Questionário de Avaliação Funcional de Pfeffer (QAF-Pfeffer) e Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens (GDS). Os indivíduos foram classificados inicialmente como suspeitos de alteração cognitiva ou não, de acordo com os escores do MEEM e/ou Short-IQCODE. Os suspeitos foram submetidos à análise laboratorial de sangue e realizaram tomografia de crânio, além de terem sido encaminhados à avaliação neuropsicológica. Os indivíduos suspeitos (N=52) e uma subamostra de não-suspeitos (N=53) tiveram diagnósticos nosológicos realizados por meio de discussão entre o pesquisador e dois neurologistas com experiência em demências. Todos os prontuários dos serviços de clínica geral dos suspeitos e da subamostra de não-suspeitos foram analisados procurando-se encontrar anotações a respeito de declínio da cognição. Calculou-se a sensibilidade e a especificidade dos instrumentos utilizados no diagnóstico de demência e de Comprometimento Cognitivo Leve. Calculou-se também a sensibilidade e a especificidade do uso conjunto de alguns instrumentos considerados de fácil aplicação e interpretação. RESULTADOS: 248 pacientes, com mediana de idade de 70 anos e, de escolaridade, de 4 anos, foram submetidos à análise inicial. Cinqüenta e dois indivíduos foram classificados como suspeitos e, desses, 21 tiveram diagnóstico de demência, e 22 de Comprometimento Cognitivo Leve. Em sete (16,27%) prontuários dos serviços de clínica geral dos indivíduos que tiveram diagnóstico de demência e de comprometimento cognitivo havia anotações a respeito de alterações cognitivas. Não houve anotações a respeito de alterações cognitivas nos prontuários dos não-suspeitos. O instrumento utilizado que demonstrou maior eficácia no diagnóstico de declínio cognitivo (demência e Comprometimento Cognitivo Leve) foi o QAF-Pfeffer, com sensibilidade de 84% e especificidade de 94%. Para o diagnóstico de declínio cognitivo, houve aumento da sensibilidade do QAF-Pfeffer quando se analisou a aplicação conjunta desse instrumento com, respectivamente, os testes do desenho do relógio, da fluência verbal (que são instrumentos de fácil aplicação) e o item memória tardia da BCB. As sensibilidades e xv especificidades para o diagnóstico de declínio cognitivo com o uso conjugado do QAF-Pfeffer foram, respectivamente, de 88,4% e 93,5% com o teste de fluência verbal, 93% e 92,5% com o desenho do relógio e de 86,4% e 89,6 % com o item memória tardia da BCB. CONCLUSÕES: O presente estudo conclui que o declínio cognitivo de pacientes idosos é pouco detectado por médicos generalistas em nosso meio. Esse achado é semelhante ao observado em estudos realizados em outros países. Alguns instrumentos apresentaram boa eficácia no diagnóstico das alterações cognitivas, e o uso combinado desses instrumentos aumentou a sensibilidade observada ao utilizá-los isoladamente. Os testes que tiveram melhor desempenho possuem características que os fazem bons instrumentos para o uso de médico generalista, já que são de fácil e rápida aplicação e simples interpretação, características fundamentais em ambientes com altas demandas de pacientes e limitações de tempo para as consultas. Destes, o teste de fluência verbal tem as vantagens da rapidez e de prescindir de quaisquer instrumentos para sua aplicação