Uma hipótese de Werner Heisenberg e o sentimento de solidão humana determinado pelo impacto das mudanças na explicação do cosmos. Um estudo a partir de representações sociais na literatura ocidental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Jacob, Raquel Aparecida Tonolli
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-03092010-121322/
Resumo: Nossa Tese visa explorar as implicações da hipótese de Werner Heisenberg na literatura segundo a qual na medida em que a Cosmologia progride no sentido da matematização e da axiomatização esse conhecimento vai se afastando do ser humano e transformando a idéia que ele sempre fez da própria natureza que o cerca. Assim, passaria a existir nesse homem uma verdadeira solidão referente ao estar no mundo. Num primeiro momento ele soube que a Terra não é mais o centro do Universo, (inversão copernicana) depois que poderia não ser mais filho de Deus (teoria da evolução) e, finalmente, nem mesmo pode ter uma idéia fiel da natureza, mas na realidade só lhe resta alcançar um conhecimento matemático que exprima essa natureza, muito diferente daquela na qual sempre viveu. (física subatômica). Poucos são os que tomam conhecimento dessas mudanças no mundo da Física em geral e da Cosmologia, em particular. No entanto, o grande pensador da Psicologia Social, Serge Moscovici, cria o conceito de Representação Social que explica o fenômeno identificável na literatura. O homem comum não estuda e não entende os meandros da Física ou da Cosmologia, mas esse conhecimento chega a ele, ainda que distorcido, trocado em miúdo, como representação social, transmitida pelos divulgadores com maior ou menor grau de entendimento, por intermédio de livros, cinema e comentários em geral; hoje em dia, até pela televisão, ou jornais. Essas mudanças no âmbito da ciência certamente são interpretadas, pela grande maioria dos estudiosos, como mudanças de paradigma. Mas nós adotaremos aqui, o conceito de paradigma de Gilles Gaston Granger. Para Granger, um exemplo típico de mudança de paradigma nas Ciências exatas é aquela que ocorreu na passagem da Física de Aristóteles à Física de Galileu. Aqui realmente há quebra de paradigma, descontinuidade e incomunicabilidade entre eles. Mudou o modelo de Ciência, mudaram todos os conceitos que foram redefinidos no âmbito do novo paradigma. Já as mudanças que ocorrem no domínio da Física, a partir de Galileu, quando se fala em mudança de paradigma, fala-se, em geral, em restrição de um conceito, ou se quisermos, ampliação de um conceito, mas não de ruptura completa ou de incomunicabilidade com o paradigma anterior. Tratar-se-ia então da criação de novos sub-paradigmas. Paradigma, na acepção kuhniana do termo, Granger aceita apenas para as proto-ciências, nas quais podemos falar de ruptura e de incomunicabilidade; como ocorre na Psicologia se considerarmos suas várias teorias. É preciso que se diga que com os avanços dos experimentos a incomunicabilidade começa a ser quebrada. Escolhemos a literatura como uma das formas de verificar o impacto da mudança cosmológica sobre a psique humana, mas poderíamos ter escolhido a arte pictórica ou outra expressão do homem na interpretação do mundo. Confrontamos obras clássicas com a visão aristotélica/ptolomaica e as obras literárias do século XIV com a visão de Copérnico e Galileu. Posteriormente procuramos mostrar o impacto do salto da idéia que o ser humano tinha da natureza com Kepler, Galileu e Newton para a representação da natureza com o advento da Física sub-atômica e sua repercussão em textos literários de significação consagrada pelos grandes críticos e analistas da literatura ocidental