Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Ramos, Rita de Cássia Antonia Nespoli |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-15092016-163054/
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Resumo: |
Esta pesquisa se realizou com o objetivo de conhecer os modos como concepções de linguagem incompatíveis se aproximam para a produção de documentos institucionais que norteiam a avaliação do que é considerado o bom uso da língua portuguesa e a boa escrita. No trabalho, analisaram-se os programas de língua portuguesa e de redação que fazem parte do manual do candidato (do período de 1977 a 2012), disponibilizado anualmente pela Fundação Universitária para o Vestibular, a FUVEST. Com a investigação, buscaram-se subsídios que sustentassem a tese de que a possibilidade de aproximação de concepções de linguagem distintas, por vezes contrastantes, em conteúdos propostos para processos institucionais de avaliação linguística, apoia-se no funcionamento de um princípio de coerência fundamentado em elementos do discurso jurídico. O funcionamento do princípio de coerência ordenaria os processos de associação de concepções de língua e linguagem não assimiláveis entre si, de modo a evitar que tensões ou contradições pudessem levar ao questionamento das proposições apresentadas para a avaliação dos conhecimentos linguísticos e à invalidação de processos de seleção social. O conceito de coerência, central para este trabalho, é entendido a partir da perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa. Trata-se de um efeito de sentido que pode ser reconhecido a partir de marcas que possibilitam observar a função de sequências textuais em relações interdiscursivas. Como resultado da análise, constatou-se que a fundamentação em diferentes concepções de linguagem e a mobilização de teorias linguísticas distintas e nem sempre compatíveis se faz possível, pois, para o estabelecimento de parâmetros de avaliação linguística, recorre-se às bases normativas para os usos da linguagem, que circulam no ambiente escolar, na mídia e em documentos oficiais. O funcionamento do princípio de coerência faz com que nos documentos institucionais de referência para a avaliação linguística ressoe um discurso que não causa estranheza ao candidato, uma vez que os usos linguísticos satisfatórios são padronizados e exigidos em igualdade de condições a todos os participantes dos processos de avaliação. Assim, ganham força de lei, de modo que quem não os emprega adequadamente pode ser avaliado de forma negativa sem que essa avaliação se configure em discriminação. Por fim, com a pesquisa constatou-se que a reprodução de um discurso sobre a linguagem é uma estratégia que não se restringe à avaliação do que seja o bom uso da língua e a boa escrita, mas se trata de um recurso discursivo por meio do qual processos institucionais de avaliação linguística e seleção são validados como legítimos. |