Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2011 |
Autor(a) principal: |
Silva, Adélia Mara Pasta da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-20012012-093539/
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Resumo: |
A escrita e seu ensino configuram, respectivamente, o tema geral e o objeto de problematização do presente estudo. A partir do aporte teórico de Michel Foucault, especialmente dos conceitos governamentalidade e dispositivo, toma-se a escrita como um regime que, no âmbito escolar, é forjado para atender a uma função estratégica dominante no que se refere ao governo das existências escolares. Desta feita, o objetivo nuclear deste estudo é analisar projetos de ensino de escrita em vigor inspirados pelas noções de gêneros do discurso, apreendendo alguns efeitos dessa abordagem nas concepções de escrita e na constituição dos sujeitos que escrevem. O corpus da análise é composto por um conjunto de documentos oficiais relativos ao tema (a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais) que, dispostos à moda de um mapa, compõem um complexo discursivo que fornece princípios, formas e prescrições, operando como maquinaria produzida historicamente com o fito de responder a uma urgência política. A lógica que anima o dispositivo de ensino da escrita é da ordem da capacitação de uma população; o que nele está em jogo é o desenvolvimento de competências e de habilidades para que se tenha acesso ao mundo letrado, conferindo a cada um o estatuto de cidadão autônomo. Se, por um lado, observam-se ideais democráticos iluminando tal empreitada, uma vez que ela afirmaria o domínio da escrita como direito de todos, por outro, a linguagem aí em causa parece reduzir-se a fins utilitaristas, submetida que é a uma modelização dos gêneros do discurso. Assim, ainda que gêneros com tendência mais literária sejam apresentados como mobilizadores em potencial da escrita escolar, eles encontram-se cativos do imperativo da eficácia comunicativa. Daí o fato de a literatura, neste trabalho, ser destacada como mais um discurso que compõe o dispositivo do ensino de escrita a operar no jogo da governamentalização escolar; mais especificamente, tratou-se de situar os sentidos de seu uso no ensino e, desse modo, configurar os enunciados relativos à literatura como instituição. Opera-se, portanto, com duas noções de literatura: uma institucional e outra denominada escrita menor, esta pensada como uma experiência possível de estilização existencial. A análise do material empírico desenvolve-se segundo o que foi denominado configurações-efeito: 1) a escrita como instrumento da ação comunicativa; 2) transcrição, reprodução e decalque como percurso de formação de um sujeito escrevente; e 3) a literatura como estetização da escrita. O estudo atinge, então, sua conclusão ao propor que as práticas de ensino da escrita concorrem para reduzir a amplitude dos sentidos da linguagem a prescrições de cunho escolarizante e, na mesma medida, limitam a esfera de experimentação dos sujeitos em nome de uma escrita confinada a finalidades comunicativas. Por se alinhar às linguagens entendidas hoje como imprescindíveis, o ensino da escrita pode produzir uma acentuada despotencialização na experiência daqueles que escrevem, ainda que ele consiga lograr, ao fim e ao cabo, a formação de sujeitos capazes de reproduzir uma escrita competente. |