Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Albarelli, Ana Paula |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-18082020-170840/
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Resumo: |
O presente estudo tem como propósito analisar as estratégias de descortesia empreendidas no embate político-eleitoral, bem como os recursos de natureza retórica e interacional utilizados em sua concretização em um ambiente de interação marcadamente agonal (Marques, 2012; 2017). Trata-se de examinar de que modo o comportamento verbal agressivo pode cumprir finalidades argumentativas e estratégicas em um tipo específico de contrato interlocutório (Blas Arroyo, 2011), uma interação trílogue, de visada argumentativa (Amossy, 2017; 2018), cujos propósitos discursivos consistem na busca do estabelecimento de um consenso com um interlocutor que não participa fisicamente da interação, mas para o qual se dirigem ambos os debatedores: o eleitor em potencial. De fato, no embate eleitoral, as estratégias descorteses e recursos argumentativos de natureza diversa que ora a intensificam, ora a veiculam, estão imbricados na busca pelo estabelecimento de alianças ou coalizões (Blas Arroyo, 2011) que os debatedores intentam estabelecer com um terceiro participante ao qual se visa persuadir (Kerbrart-Orecchioni, 2006). Essas coalizões podem ocorrer mediante a instauração de um duo consensual com o auditório (Fávero e Aquino, 2002), por meio da manipulação deliberada de um quadro participativo específico, intrínseco a esse tipo de interlocução (Fávero e Aquino, 2002) , da ambiguidade referencial (Blas Arroyo, 2010; 2011), assim como pela instauração de uma imagem credível pelos debatedores diante do público eleitor, a qual se erige em detrimento da imagem do candidato adversário, em um trabalho de face eminentemente agressivo (Goffman, 1967). Consideramos, pois, que a descortesia se afigura em um complexo processo interacional que, no debate político-eleitoral, pode cumprir fins de persuasão. Em razão disso, tomamos, como fundamento teórico, as contribuições de teorias da Descortesia, sobretudo de Kaul de Marlangeon (2003; 2005; 2014), Culpeper (1996; 2011), Blas Arroyo (2010; 2011), Silva (2013), Marques (2012, 2017) dentre outros, para uma análise do comportamento verbal agressivo no embate político-eleitoral. Por tratar-se de um tipo de interlocução polêmica, que apresenta propósitos persuasivos - o debate político se configura em um discurso de claras intenções argumentativas - consideramos as contribuições de teorias da argumentação (Perelman e Olbrechts- Tyteca, 2005[1958]), (Fávero e Aquino, 2002) e da Argumentação no Discurso (Amossy, 2018), procedendo à articulação entre os construtos teóricos da descortesia verbal e da argumentação para uma abordagem das diferentes estratégias descorteses e procedimentos retóricos e interacionais que as concretizam, veiculados pelo discurso eleitoral. O corpus constitui-se do debate do segundo turno das eleições presidenciais de 2014 entre os candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves. Tal debate foi realizado em São Paulo e transmitido pela emissora SBT. |