Avaliação de um novo candidato a fármaco para o tratamento do carcinoma de pulmão de células não pequenas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Kawamura, Bárbara
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5167/tde-10122019-120952/
Resumo: O carcinoma de pulmão é um dos tumores malignos mais incidentes e letais no mundo e possui, na maioria dos casos, um prognóstico desfavorável. Devido ao insucesso relativo dos protocolos terapêuticos atuais, há uma urgente necessidade de desenvolvimento de novos tratamentos. A enzima CTP:fosfoetanolamina citidililtransferase (Pcyt-2), que utiliza a fosfoetanolamina (PEtn) como substrato, é um regulador chave na via de Kennedy para a produção de fosfatidiletanolamina (PE). Este fosfolipídio é um dos mais abundantes nas células eucarióticas e, por conseguinte, a redução de sua produção poderia afetar diretamente a divisão celular, a autofagia e a apoptose. Em um estudo prévio, foi confirmado que a Pcyt-2 é um alvo terapêutico em células de câncer de pulmão e foram identificados dois novos compostos, protótipos para o desenvolvimento racional de inibidores da enzima Pcyt-2: o CHY-1 e o SF2. O objetivo desse trabalho foi avaliar os efeitos citotóxicos e os mecanismos inibitórios na autofagia dos novos compostos em carcinoma de pulmão de células não pequenas (CPCNP). Os resultados indicaram que CHY-1 apresenta efeito in vitro superior ao paclitaxel e cisplatina, além disso, a combinação em dose sub-tóxica de CHY-1 com cisplatina e CHY-1 com paclitaxel apresentaram efeitos citotóxicos superiores aos respectivos ativos isolados. Além disso, CHY-1 foi capaz de induzir estresse do retículo endoplasmático (RE) e reduzir o fluxo autofágico. Possivelmente o SF2, um intermediário de CHY-1, está relacionado estruturalmente com o seu grupo farmacofórico. No modelo tridimensional com a linhagem A549, foi observado que a combinação de cisplatina com SF2 é muito mais eficiente quando comparado com os tratamentos individuais, desestabilizando o esferoide pela perda de matriz extracelular. Entretanto os mesmos resultados também foram observados para MRC-5, um fibroblasto não tumoral. Foi demonstrado que o SF2 inibe a enzima Pcyt-2 e o transporte de etanolamina para o RE, e, desta maneira, reduz a produção de PE. Os resultados do ensaio de Anexina/PI indicaram que a combinação de SF2 com cisplatina induz preferencialmente apoptose, entretanto, não apresentaram efeitos sinérgicos. O SF2 foi capaz de reduzir o potencial elétrico da membrana mitocondrial das células A549 e NCI-H460, indicando a participação mitocondrial no processo de morte celular. Além disso, o SF2 se mostrou capaz de diminuir o fluxo autofágico, observado pela diminuição das proteínas: ATG5, ATG7, Beclin-1 e LC3 I e II, por Western blotting, resultados semelhantes ao previamente demonstrado por CHY-1 na linhagem A549. Pela técnica de CRISPR/Cas9 (do inglês: Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), foram obtidas as células A549 knockout para os genes envolvidos no processo autofágico: ATG5, ATG7 e Beclin-1. Os resultados obtidos mostraram que, por mais que todas essas proteínas estejam relacionadas com a autofagia, as células se comportaram diferente para cada silenciamento. As imagens obtidas por MET corroboram com a hipótese de que SF2 inibe a via autofágica de forma diferente da cloroquina, além de induzir alterações morfológicas da mitocôndria e RE. SF2 tem potencial para se tornar um fármaco antitumoral pela inibição da enzima Pcyt-2, levando a apoptose e redução do fluxo autofágico em modelos de CPCNP, entretanto ainda são necessários mais estudos e uma possível modificação na estrutura da molécula para potencializar o seu efeito e melhorar a seletividade a células tumorais