Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Buoso, Fernanda Papa |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59141/tde-14082023-122925/
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Resumo: |
Práticas parentais e desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes são variáveis fortemente associadas. Características no nível individual, dos cuidadores e da própria criança, assim como do contexto imediato e mediato, operam conjuntamente e concorrem para diferentes desfechos, tanto no tocante às práticas parentais, quanto no tocante ao desenvolvimento psicossocial das crianças. Conhecer famílias vivendo em situação de vulnerabilidade social, nesse plano, é importante, uma vez que vivem muitos desafios relacionados ao acesso a bens e serviços, o que pode impactar o funcionamento familiar e, assim, as práticas parentais e o desenvolvimento infanto-juvenil. O presente estudo buscou oferecer uma contribuição nessa direção. Para isso, foram implementados dois estudos nos quais se fez uso do modelo dos Múltiplos Determinantes da Parentalidade, proposto por Jay Belsky (1984), adotando-se uma abordagem quantitativa e um delineamento transversal. Na coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário para Caracterização Socioeconômica e de Eventos Adversos na Família; Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale IV (FACES IV), Inventário de Estilos Parentais (IEP), Child Abuse Potential Inventory (CAP), Questionário de Apoio Social (QAS) e o Child Child Behavior Checklist (CBCL). O objetivo geral do estudo 1 foi descrever fatores relacionados à parentalidade em famílias agrupadas em função de indicadores de maior ou menor grau de vulnerabilidade social, considerando-se o modelo preconizado por Belsky (1984). A amostra do estudo 1 foi formada por três grupos de pais/responsáveis maiores de 18 anos: G1 (n=60): beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF); G2 (n=30): beneficiárias do Auxílio Emergencial - concedido em função da pandemia da COVID-19; G3 (n=30): não beneficiárias do PBF ou do Auxílio Emergencial, porém residentes das mesmas regiões/comunidades que G1 e G2. Foram realizadas análises estatísticas descritivas, comparativas, de correlação e regressão. Os resultados apontaram para associações entre as variáveis dos domínios e a parentalidade, destacando-se as relações mais fortes para variáveis do domínio do cuidador e da criança/adolescente. A variável problemas externalizantes do domínio da criança predisse em maior percentual a parentalidade, seguido pelas variáveis do cuidador e do contexto. A vulnerabilidade social não foi significativa para predizer a parentalidade. A parentalidade apresentou relação com desfechos desenvolvimetais das crianças/adolescentes. O objetivo geral do estudo 2, por seu turno, foi caracterizar a parentalidade em famílias em situação de descumprimento e de cumprimento das condicionalidades do Programa Bolsa Família (PBF), em se considerando, paralelamente, o desenvolvimento psicossocial dos filhos - crianças e adolescentes -, variáveis pessoais e psicológicas dos pais/cuidadores e contextuais (apoios e estressores), conforme o preconizado pelo modelo proposto por Belsky (1984). A amostra do estudo 2 foi formada por dois grupos de pais/responsáveis maiores de 18 anos: G1 (n=30), composto por beneficiárias do PBF em situação de descumprimento das condicionalidades e G2 (n=30), composto por beneficiárias do PBF em situação de cumprimento das condicionalidades. Embora em ambos os grupos se tenha verificado alguns indicadores de dificuldade/problemas, as famílias em G2 apresentaram maior coesão familiar. Nessas, as crianças/adolescentes apresentaram menos problemas de comportamento e de competência social e os cuidadores menos fragilidade pessoal/psicológica. Assim, apesar de viverem em situação equivalente de vulnerabilidade social, as famílias que se caracterizavam por ter quebra das condicionalidades necessitariam de suporte suplementar. Os dois estudos, em conjunto, mostram que há relação entre os domínios da parentalidade a despeito do grau de vulnerabilidade social e que as famílias podem se beneficiar de intervenções que fortaleçam características nos domínios que apresentem fragilidades. Sugere-se que pesquisas futuras adotem instrumentos que mensurem diretamente cada constructo do Modelo de Belsky (1984), sejam realizadas com amostras maiores, adotem o delineamento longitudinal e incluam variáveis moderadoras e mediadoras no Modelo de Belsky (1984), como a própria vulnerabilidade social. |