Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Teperman, Daniela Waldman |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16082012-112951/
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Resumo: |
Parentalidade é um neologismo que vem ganhando consistência nos últimos anos e que tende a substituir o termo família. É possível localizar essa preocupação em diversos autores, de diferentes disciplinas, extraindo da possível substituição diferentes consequências. Haveria mesmo nesse novo termo e, nos discursos que lhe são subjacentes, essa pretensão? Sustentar-se-ia tal pretensão na leitura de que a família vive uma crise sem precedentes na atualidade? A parentalidade implicaria um risco para a transmissão familiar? Foi a partir desses interrogantes que iniciei esta pesquisa. O incômodo inicial foi provocado pelo entendimento de que o novo termo seria indissociável da intervenção do especialista no campo da família e pela desconfiança de que fincaria suas bases na indiferenciação e na assepsia na transmissão familiar. A investigação das origens desse neologismo, dos discursos que lhe são subjacentes e das práticas que autoriza permitiu identificar três vertentes por meio das quais ele comparece na atualidade: como modo de nomear o parent, como modo de dar conta das mudanças no campo da família e sob a forma de um discurso público, veiculado pelo especialista da família. Analisar separadamente cada uma dessas vertentes, ler a consistência que o termo parentalidade vem ganhando na atualidade como o que é sintomático desta época, e circunscrever a família em sua função de resíduo - reduzida às condições mínimas necessárias para que haja sujeito -, foi fundamental para estabelecer as bases para as articulações possíveis entre família, parentalidade e época. O percurso realizado permite afirmar que a família como resíduo, ancorada nas funções materna e paterna e nos modos como pai e mãe se conformam em semblantes, está do lado da estrutura: necessária, mas pendente do que é da ordem da contingência, ou seja, é descompletada pelos traços, posições e valores que prevalecem em determinada época no laço social e pela posição singular dos sujeitos implicados em cada uma dessas funções. A psicanálise, ao bascular entre o universal e o homogêneo que os discursos sobre a parentalidade veiculam e a singularidade inerente à noção de família como resíduo, faz comparecer a impossibilidade de recobrimento da falta (condensada no aforismo lacaniano não há relação sexual). De modo que ao PARA TODOS inerente 9 aos discursos sobre a parentalidade, à psicanálise cabe responder reenviando cada família à sua singularidade. Contudo, o impasse se produz quando a parentalidade é apresentada como necessariamente aniquiladora da família em sua condição de resíduo, implicando um risco para as crianças, para os filhos da parentalidade. O encontro com o livro O dia em que meu pai se calou, de Virginie Linhart - principalmente o espanto diante do enunciado as crianças de 68 -, permitiu que esta investigação se distanciasse de modos genéricos ou universalizantes de compreensão, aos quais o tema pesquisado revelou-se particularmente sensível. Habilitou também um posicionamento diante dos autores que, ancorados nas mudanças no âmbito da família, prenunciam um futuro dramático para o sujeito. Ao longo desta pesquisa, penso ter reunido elementos para questionar a validade de enunciados como os filhos da parentalidade e, um dos achados em direção ao qual o espanto me precipitou, é que uma época não conforma um nós com os sujeitos que dela fazem parte. Ao exceder o nós no modo de gozo singular do qual cada pai e cada mãe dão testemunho na transmissão, a família tende a continuar abrindo furos na consistência e na assepsia previstas nos discursos normativos e ortopédicos sobre a parentalidade. |