Transição do cuidado de usuários com doenças crônicas do serviço de emergência para a casa: continuidade do cuidado na rede de atenção à saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ferro, Denise
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22133/tde-14122021-174147/
Resumo: Introdução: A transição do cuidado visa assegurar a coordenação e a continuidade dos cuidados de saúde na transferência de pacientes entre os diferentes serviços que contemplam a Rede de Atenção à Saúde, prevenindo readmissões hospitalares não planejadas e reduzindo custos. As ações desenvolvidas durante a transição do cuidado promovem suporte para os pacientes quando estes necessitam de atendimento em serviços de emergência. Objetivo: Analisar a transição do cuidado, na perspectiva de usuários com Doenças Crônicas Não-Transmissíveis que receberam alta de um serviço de emergência para a Rede de Atenção à Saúde. Métodos: Estudo descritivo e transversal, com abordagem de métodos mistos incorporados, desenvolvido em três etapas, com 364 pacientes com Doenças Crônicas Não-Transmissíveis que agudizaram suas condições e passaram por atendimento em um serviço de emergência de um hospital de nível quaternário do estado de São Paulo/Brasil, com coleta de dados realizada no período de dezembro de 2018 a junho de 2019. Na primeira etapa, foram caracterizados os participantes considerando variáveis sociodemográficas e clínicas, através do Prontuário Eletrônico do Paciente e, posteriormente, complementados durante o contato telefônico na segunda e terceira etapas, caso houvesse necessidade; para a análise de dados desta etapa foi aplicada análise descritiva das variáveis categóricas e cálculo de medidas de posição e dispersão para as variáveis contínuas. A segunda e terceira etapas foram realizadas de forma concomitantemente, por meio de contato telefônico utilizando a versão adaptada do instrumento Care Transitions Measure (CTM-Brasil); durante a aplicação, os participantes possuíam liberdade para falar sobre situações vividas que consideravam pertinentes e, após o término da aplicação do CTM-Brasil, foi feita uma pergunta disparadora estimulando-os a complementarem suas entrevistas; a análise de dados da segunda etapa foi feita respeitando as propriedades psicométricas do instrumento, obtendo-se uma média simples de resposta de cada item, bem como a média da escala total e por fator; as características sociodemográficas e clínicas dos participantes foram associadas e correlacionadas à qualidade da transição do cuidado, com nível de significância estatística de 5%. Para análise da terceira etapa, optou-se pela análise de conteúdo, modalidade temática, onde as categorias encontradas foram: TEMA 1 - Etapas do processo de alta hospitalar (Subtema I Preparação para o autogerenciamento; Subtema II Entendimento sobre medicações; Subtema III Preferências asseguradas; Subtema IV Plano de cuidado); TEMA 2 - Influência do ambiente hospitalar no cuidado prestado ao usuário; TEMA 3 - Avaliação do serviço e da assistência prestada pelo serviço de emergência ao usuário e TEMA 4 - Continuidade do cuidado aos usuários na Rede de Atenção à Saúde municipal. Após o término da análise dos resultados da segunda e terceira etapas, foi realizada a integração do resultado qualitativo ao quantitativo. Resultados: A maioria dos participantes era do sexo masculino, idosos, casados, de baixa escolaridade, moradores da zona norte, apresentavam mais de uma morbidade, sendo que 80,4% possuíam complicações relacionadas às patologias; o diagnóstico mais prevalente foi o de doenças cardiovasculares; 92,5% faziam uso de medicamentos para tratamento, 83,5% frequentavam a UBS e todos os participantes tiveram pelo menos um atendimento prévio no serviço de emergência no último ano; 27,7% reinternou pelo menos uma vez em um período de até 60 dias pós-alta do serviço de emergência; a média de escore do CTM-Brasil foi de 79,92 indicando nível elevado de qualidade na transição do cuidado, sendo que o fator que obteve os melhores escores foi o de preparação para autogerenciamento de saúde no domicílio e o fator com menor escore foi o de garantia das preferências do paciente. Foram identificadas apenas associações entre os escores do CTM-Brasil com as características sociodemográficas e clínicas dos participantes, não havendo significância estatística com readmissões no serviço de emergência em 60 dias pós-alta, bem como na frequência de readmissões não planejadas. Todavia, ao integrar os métodos mistos, demonstra-se que, mesmo que a média do escore do CTM-Brasil tenha sido alta, os participantes, em suas falas, fizeram importantes críticas relacionadas ao processo de transição do cuidado realizado no serviço de emergência para a rede, bem como do atendimento recebido e as condições às quais eles foram expostos durante internação, o que reforça a necessidade do uso do CTM-Brasil ser associado a outros indicadores de qualidade da assistência recebida nos serviços de saúde. Conclusão: Aponta-se para a necessidade de abordar adequadamente as questões de humanização do cuidado, planejamento de alta, educação em saúde, comunicação eficaz, de forma a desenvolver melhores estratégias para suprir as fragilidades da transição do cuidado, qualificando-a para prover o autogerenciamento em saúde, fornecimento de informações quanto ao uso adequado de medicamentos, incorporação das metas e expectativas dos pacientes e cuidadores na tomada de decisão e encaminhamento ágil e eficaz para continuidade do cuidado na Rede de Atenção à Saúde.