Avaliação do acometimento de pequenas vias aéreas em pacientes com pneumonite de hipersensibilidade crônica e sua repercussão na limitação ao exercício

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Dias, Olívia Meira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5150/tde-22102018-112334/
Resumo: INTRODUÇÃO: A pneumonite de hipersensibilidade (PH) é uma doença intersticial causada pela inalação de antígenos orgânicos específicos ou substâncias de baixo peso molecular em indivíduos geneticamente suscetíveis. A PH crônica representa seu estágio final, na qual a exposição antigênica prolongada leva à fibrose. Na PH crônica, o envolvimento das pequenas vias aéreas (PVA) é proeminente; entretanto, uma avaliação detalhada através de métodos funcionais e de avaliação quantitativa e automatizada pela tomografia computadorizada (TC) não foi realizada previamente. MÉTODOS: estudo transversal de 28 pacientes com PH crônica, com avaliação através de provas de função pulmonar (PFPs); oscilometria forçada (FOT); análise automatizada do volume pulmonar através da TC, incluindo quantificação de aprisionamento aéreo; e teste cardiopulmonar de exercício (TCPE) incremental em cicloergômetro para avaliar performance ao exercício, incluindo medidas seriadas da capacidade inspiratória e hiperinsuflação dinâmica (HD). Foram incluídos pacientes entre 18 a 75 anos, com diagnóstico confirmado pela combinação de achados tomográficos, exposição antigênica e biópsia compatível e/ou LBA com linfocitose. Foram excluídos pacientes com CVF e/ou VEF1 < 30% predito, tabagismo > 20 anos-maço, uso de oxigênio suplementar; diagnóstico prévio de asma ou DPOC, diagnóstico de hipertensão arterial pulmonar ou impossibilidade de realizar TCPE. Os dados foram comparados com controles saudáveis. RESULTADOS: 28 pacientes (16 mulheres; idade média 56 +- 11 anos; CVF 57 +- 17% predito) foram avaliados, e todos apresentavam padrão ventilatório restritivo sem resposta broncodilatadora. Na FOT, 4 pacientes apresentaram resistência aumentada a 5 Hz (R5), enquanto todos apresentaram baixa reactância (X5), sendo que nenhum apresentou resposta broncodilatadora significativa. Pacientes com PH crônica tiveram menor capacidade de exercício com menor O2 de pico, diminuição da reserva ventilatória, hiperventilação, dessaturação de oxigênio e escores de dispneia (Borg) aumentados quando comparado aos controles. A prevalência de HD foi encontrada em apenas 18% da coorte. Ao comparar pacientes com PH crônica com O2 normal e baixo (< 84% predito, LIN), o último grupo apresentou maior hiperventilação (slope E/CO2), um menor volume corrente e menores escores de capacidade física na avaliação do questionário de qualidade de vida (SF-36). A análise da curva ROC mostrou que volumes pulmonares reduzidos (CVF%, CPT% e DLCO%) foram preditores de baixa capacidade ao exercício. Na TC, a PH crônica teve aumento de áreas com alta densidade em unidades Hounsfield, inferindo maior extensão de opacidades em vidro fosco e fibrose em relação aos controles saudáveis. A extensão das áreas de atenuação reduzida (AAR) e aprisionamento aéreo em relação ao volume pulmonar total é pequena, e não se correlaciona com índices funcionais obstrutivos; entretanto, pacientes com maior percentual dessas áreas apresentam menos fibrose e função pulmonar mais preservada. CONCLUSÃO: a PH crônica se caracterizou por um acometimento eminentemente restritivo, e não de obstrução de vias aéreas, nos diferentes métodos diagnósticos aplicados. A redução da capacidade de exercício foi prevalente devido à limitação ventilatória e de troca gasosa, a exemplo de outras doenças intersticiais pulmonares, e não pela HD. Redução dos volumes pulmonares foram bons preditores das respostas ventilatórias durante o exercício