No mundo da fantasia: uma investigação sobre o irrealismo na ciência econômica e suas causas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cherñavsky, Emilio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde-15082011-200354/
Resumo: Sugere-se neste trabalho que o irrealismo constitui uma característica marcante da corrente dominante na ciência econômica que explica o desempenho decepcionante das atividades de previsão e explanação realizadas com base nesse paradigma. Após desenvolver o pouco claro conceito de irrealismo na ciência econômica, mostrando quando ele ocorre e quais são suas causas, busca-se relacionar sua presença com aquele desempenho decepcionante. Defende-se que ele pode ser explicado pela negligência da maior parte da corrente dominante em relação ao realismo de suas proposições, negligência traduzida na utilização amplamente difundida nas práticas dessa corrente de modelos irrealistas, que são aqueles que não buscam ou, se o fazem, não são bem-sucedidos em capturar uma parcela relevante da realidade. Sugere-se que o emprego de modelos irrealistas é geralmente - mas não sempre - o resultado da insistência do mainstream na ciência econômica em aderir à abordagem dedutivista em um mundo caracterizado pela não-ubiqüidade de regularidades estritas que ela invariavelmente pressupõe, e se manifesta tipicamente na aplicação generalizada em situações concretas de modelos econômicos fortemente abstratos cujos pressupostos implicam a operação de mecanismos que são inválidos nessas situações específicas. A explicação para esta tendência ao irrealismo do mainstream, por sua vez, se encontra no fato de que a grande maioria dos modelos elaborados a partir dessa perspectiva pressupõe a onipresença de estruturas de mercado competitivas a despeito de que em muitas - e mesmo na maioria das - situações reais elas estão claramente ausentes, o que decorre do viés ideológico que os economistas associados à corrente dominante possuem e que se caracteriza pela crença inequivoca nas insuperáveis virtudes do mecanismo de mercado e da propriedade privada como princípios orientadores centrais da organização da produção e mesmo da vida em sociedade. Essa crença se encontra na origem do liberalismo econômico tradicional e do neoliberalismo, e sua defesa obrigatoriamente requer que os mercados sejam, pelo menos em sua grande maioria, competitivos. Para satisfazer essa hipótese a ideologia neoliberal impõe à realidade a onipresença de estruturas de mercado competitivas, possíveis em abstrato mas geralmente ausentes em situações reais, o que faz com que os modelos construídos a partir da abordagem que a ela adere assim como a própria abordagem sejam freqüentemente irrealistas.