Os significados de ser um portador de transtorno mental: contribuições do teatro espontâneo do cotidiano na reabilitação psicossocial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Assad, Francine Baltazar
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-29082011-144740/
Resumo: Refletindo sobre a proposta da reabilitação psicossocial, o contexto em que vivem portadores de transtornos mentais e em algumas estratégias e concepções que constituíram o pensamento psiquiátrico e suas práticas terapêuticas, o teatro espontâneo do cotidiano se apresenta como um instrumento da terapia ocupacional importante. A terapia ocupacional estabelece como problemática de partida a exclusão social, e tem como objetivo final a inclusão social. Ao propor o teatro espontâneo do cotidiano como uma das atividades possíveis na clínica da terapia ocupacional, utilizou-se de um importante canal de expressão, onde, através do jogo dramático, o sujeito vivencia situações e papéis de uma maneira descompromissada. Desta forma, o estudo teve por objetivos compreender, através da técnica teatro espontâneo do cotidiano, o significado de ser um portador de transtorno mental e oferecer um instrumento para re-significações, contribuindo para a sua reabilitação psicossocial. Para isso, cinco portadores de transtornos mentais, usuários de um Centro de Atenção Psicossocial, participaram de doze encontros onde se utilizou o referido instrumento. Trata-se de um estudo transversal, de caráter qualitativo. Foram utilizadas filmagens e entrevistas. Para a análise dos dados optou-se pela análise de conteúdo temática sob a ótica do interacionismo simbólico. Assim, a partir da questão norteadora \"O que significa para você ser um portador de transtorno mental?\" foram destacadas as seguintes categorias: o transtorno mental, suas definições e causas; o portador de transtorno mental e a relação com a normalidade e aceitação; o portador de transtorno mental e a relação com o medicamento; o portador de transtorno mental e as perdas cotidianas; a relação da sociedade com o transtorno mental; o transtorno mental enquanto possibilidades, renovações e superações e o portador de transtorno mental e suas expectativas de vida. Verificou-se que estes significados estão atrelados à trajetória de vida e às diversas relações que os sujeitos estabelecem. Alguns destes significados ainda estão associados a uma lógica excludente e de segregação na qual o sujeito revela suas percepções acerca de questões normativas e do sofrimento pelas diversas perdas em seu cotidiano. Entretanto, os sujeitos indicaram caminhos positivos, de possibilidades, de renovação, de superação e de expectativas para o futuro. O estudo também revelou que o teatro espontâneo do cotidiano se apresentou como um agente facilitador da interação e expressão, propiciando uma construção criativa em busca de soluções para problemáticas da vida cotidiana, constituindo-se, assim, em um instrumento de valor significativo, que permite resignificações e contribui na reabilitação psicossocial de portadores de transtorno mental. Para tanto, a investigação revelou-se importante para se pensar em estratégias de assistência ao portador de transtorno mental que o ajude a transpor o sofrimento e permita uma nova interação com este.