Reconstituição paleoambiental da bacia hidrográfica do rio Paraúna, MG, relacionada a processos fluviais e geomorfológicos, através de biomineralizações de sílica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Dias, Raphaella Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/22356
Resumo: A Serra do Espinhaço Meridional é um dos principais domínios geológico-geomorfológicos do estado de Minas Gerais, Brasil. Grande parte de sua área é drenada pela bacia do rio Paraúna, localizada na Depressão de Gouveia. Apesar da importância que a Serra representa, ainda são poucos os trabalhos que abordam de maneira integrada, a geomorfologia fluvial nos vales dos principais afluentes do rio Paraúna e a evolução paleoambiental ocorrida na região. A presente dissertação tem por objetivo investigar essas condições paleoambientais e inferir possíveis mudanças na paisagem natural, em associação com processos geomorfológicos ocorridos nesta bacia. A área foi estudada a partir de uma análise integrada envolvendo dinâmica e características do solo e da geomorfologia, biomineralizações de sílica (fitólitos e espículas de esponja) e idades obtidas a partir das datações por 14C-AMS. Foram coletadas 24 amostras de solo em 6 perfis e 38 amostras de plantas típicas do Cerrado (para servirem de referência moderna da produção fitolítica nas áreas de coleta). Constatou-se que, ao longo do Quaternário, os processos fluviais, condicionados pelo clima, pela litoestrutura, pelos movimentos neotectônicos e, mais recentemente, pelas atividades antrópicas, têm contribuído com a esculturação das formas de relevo da bacia do rio Paraúna e com o desenvolvimento das fitofisionomias. Constatou se que as plantas acompanham estas mudanças, respondendo às alterações no nível do lençol freático, no solo, na disponibilidade de água ou alagamentos sazonais, no curso dos rios, erosão e transporte. A quantidade de carbono orgânico e de fitólitos no solo apresenta variadas tendências, de acordo com os processos fluviais de deposição e erosão em cada um dos perfis estudados. Em alguns perfis os fitólitos estão bem preservados, com a porcentagem de classificáveis diminuindo com a profundidade, porém observa-se fitólitos quebrados e corroídos em áreas em que o rio atuou diretamente. Os tipos de fitólitos predominantes em todos os perfis foram traqueídeos, poliédricos, elongate, bilobate e bulliform e, em alguns casos, com presença em ambientes alagados de fitólitos do tipo papillae, característicos de Cyperaceae. O índice de densidade arbórea (D/P) apresentou valores sempre baixos, sendo no Perfil 4 onde foram observadas maiores alterações antrópicas da vegetação e uso do solo. Em todos os perfis verifica-se uma tendência de variação do D/P de acordo com as migrações e deslocamentos dos rios, indicando que a cobertura arbórea era mais densa quando o rio se deslocava e mais aberta quando o rio se aproximava, sugerindo que o fator limitante da vegetação nestas áreas não é tanto o clima, mas sobretudo a disponibilidade de água. As datações apresentaram idades que variam de 17.360 a 1790 anos cal AP, indo desde o Pleistoceno Médio até o Holoceno Superior. A presença de espículas de esponjas silicificadas em algumas áreas pode ser considerado um marcador da presença dos rios. Porém, constatou-se que a intensidade dos processos geomorfológicos e erosivos da região do Espinhaço Meridional não permitem que esse proxy seja encontrado em bom estado de conservação, o que inviabilizou análises mais aprofundadas neste trabalho. As análises fitolíticas e elementares do carbono e nitrogênio, se mostraram bastante promissoras na compreensão da evolução geomorfológica e de mudanças ambientais, principalmente se associadas a outros indicadores, como a granulometria, a fim de se obter uma maior precisão na inferência dessas mudanças