Transtornos neurocognitivos em idosos na atenção básica: o uso de instrumentos de avaliação da cognição social como método de rastreio e diagnóstico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Chagas, Natália Mota de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-20082020-115023/
Resumo: Introdução: Os transtornos neurocognitivos compreendem um grupo de distúrbios onde o prejuízo principal está na função cognitiva. Estes transtornos são diagnosticados a partir de um declínio cognitivo em relação a um nível de desempenho anterior, tendo sido relatado ou observado pelo próprio indivíduo ou por um informante com conhecimento. Até o DSM-IV, estes transtornos eram denominados como demência, sendo sua nomenclatura modificada a partir da publicação do DSM-5, sendo então chamados de transtornos neurocognitivos. A partir da publicação deste manual em 2013, o domínio cognição social foi incluso para a realização do diagnóstico desta patologia. Entre os subtipos desse domínio, encontra-se a Teoria da Mente (ToM), que está relacionada com a habilidade de inferir estados mentais a si mesmo e aos outros, e as expressões faciais de emoções que são fundamentais para a interação social e desenvolvem um importante papel no funcionamento do indivíduo. Estudos realizados previamente demonstram um declínio na capacidade de reconhecer as expressões faciais das emoções com o avançar da idade, apontando para pior desempenho nos testes de avaliação da cognição social em idosos. Portanto, a inclusão do domínio de cognição social para diagnóstico de transtorno neurocognitivo, de acordo com o DSM-5, demonstra a necessidade de inclusão de novos testes para auxiliar no rastreio desse transtorno. Objetivo: O objetivo principal deste estudo foi verificar se instrumentos de avaliação da cognição social podem funcionar como variáveis de rastreio de transtornos neurocognitivos em uma população de idosos no nível de atenção primária da saúde. Método: O estudo foi realizado com sujeitos acima de 60 anos residentes em uma área de abrangência na cidade de São Carlos, no estado de São Paulo. Foram realizadas três visitas domiciliares ao idoso no intervalo de 30 dias, sendo as mesmas divididas em: aplicação dos testes neuropsicológicos, aplicação dos testes de cognição social compostos pela Bateria de tarefas de ToM e a tarefa de Reconhecimento de Expressões Faciais de Emoções (REFE), além de uma avaliação psiquiátrica para determinar o possível diagnóstico de transtorno neurocognitivo leve (TNL) e maior (TNM). A amostra total avaliada foi composta por 317 elegíveis, sendo que 222 foram incluídos no estudo e completaram pelo menos uma tarefa de cognição social e a entrevista diagnóstica. Resultados: Foi observada uma diferença estatisticamente significativa no desempenho entre o grupo controle e o grupo com TNM e com o TNL tanto na Bateria de tarefas de ToM (p<0,001 e p<0,001), quanto no Penn Emotion Recognition Test (p<0,001 e p<0,001). Ainda na tarefa de REFE, diferenças significativas foram encontradas entre os grupos controle, com TNL e TNM em todas as emoções, exceto tristeza (p=0,800). Além disso, através dos itens mais discriminativos de ambas ferramentas utilizadas, foi proposto um instrumento único denominado Bateria Breve de Cognição Social, que se demonstrou com boa validade discriminativa entre os grupos e boa validade convergente em relação à Bateria de tarefas de ToM (r=0,617; p<0,001) e a tarefa de REFE (r=0,811; p<0,001). Conclusão: Existem diferenças significativas entre os grupos nos instrumentos de cognição social utilizados e estes podem ser úteis na identificação de Transtornos neurocognitivos.