Bacteriúria e infecção urinária em gestantes adolescentes: fatores de risco, modelos preditivos, desfechos obstétricos e perfil bacteriano comparativo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Henrique Diório de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-19062023-105305/
Resumo: A bacteriúria durante a gestação pode aumentar a morbidade obstétrica e perinatal. Os dados sobre bacteriúria no subgrupo de gestantes adolescentes ainda são escassos e pouco consistentes. Os objetivos principais do estudo foram estabelecer a prevalência de bacteriúria e de infecção urinária em uma amostra de gestantes adolescentes e identificar os fatores de risco associados ao desenvolvimento de colonização bacteriana do trato urinário neste subgrupo, criando modelos de predição. Realizou-se estudo observacional longitudinal, por meio da revisão de prontuários das pacientes adolescentes, entre 10 e 19 anos de idade, atendidas nos ambulatórios da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), no período de 01/01/2010 a 01/01/2016. Um total de 404 gestantes foram selecionadas. Após exclusões, um total de 388 adolescentes foram incluídas na análise, sendo 66 com bacteriúria e 322 com urocultura negativa. A frequência de bacteriúria entre as adolescentes foi de 17,01% (66/388). O comportamento sedentário (p=0,041, OR=8,65, IC95%=1,09-68,39), a gestação desejada (p=0,029, OR=2,17, IC95%=1,08-4,34) e o uso de método contraceptivo hormonal antes da gravidez (p=0,041, OR=2,46, IC95%=1,04-5,84) revelaram-se como fatores de risco independentes para bacteriúria. A coitarca tardia (p=0,036, OR=0,75, IC95%=0,57-0,98) e a idade gestacional mais tardia de realização da primeira urocultura (p=0,003, OR=0,94, IC95%=0,90-0,98) foram identificados como fatores de proteção. O modelo de predição de bacteriúria contendo as variáveis supracitadas apresentou área sob a curva de 0,718 (IC95%=0,644-0,791, p<0,001). Do total de uroculturas positivas (66/388), 40 (10,31%) eram de gestantes com algum sintoma irritativo das vias urinárias: 3 (0,77%) com pielonefrite e 37 (9,53%) com infecção do trato urinário baixo (ITU). O tempo de atividade sexual (p=0,039, OR=1,03) e o uso de método hormonal de contracepção antes da gestação (p=0,036, OR=2,33) revelaram-se como fatores de risco independentes para a ocorrência de ITU em gestantes adolescentes. A idade gestacional mais tardia de início do pré-natal (p=0,029, OR=0,94) foi identificada como fator de proteção. O modelo de predição de ITU contendo as variáveis supracitadas apresentou área sob a curva de 0,723 (IC95%=0,624-0,822, p<0,001). Na comparação do perfil de sensibilidade microbiana, não houve diferença estatisticamente significativa entre os patógenos isolados de gestantes adultas e os patógenos isolados de adolescentes. Em relação aos resultados obstétricos e perinatais das gestantes adolescentes, não houve diferença significativa entre o grupo com ou sem bacteriúria. As adolescentes com ITU apresentaram menor idade gestacional no parto, mas a taxa de prematuridade foi semelhante. O nosso estudo apontou alguns fatores clínicos, comportamentais e sexuais associados com o desenvolvimento da bacteriúria em gestantes adolescentes, facilitando a identificação daquelas mulheres sob maior risco de desenvolverem patologias infecciosas do trato urinário e possibilitando uma otimização do diagnóstico de bacteriúria e dos resultados perinatais. No geral, as cepas bacterianas isoladas nas uroculturas das gestantes apresentaram um bom perfil de sensibilidade aos beta-lactâmicos, às sulfas e à nitrofurantoína, quando comparadas aos dados internacionais. Estas informações sobre a sensibilidade dos patógenos urinários aos antibióticos podem auxiliar na construção de protocolos que privilegiem medicamentos de menor custo e de mais fácil acesso