Era uma vez... meninas que engravidaram: histórias e trajetórias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Silva, Lucilia Nunes da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6136/tde-14032013-113057/
Resumo: Introdução A gravidez na faixa etária de 10 a 14 anos traz alguns desafios quanto à abordagem e análise do tema. Objetivo Compreender o significado da gravidez em meninas gestantes de 10 a 14 anos. Método Pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, com orientação analíticodescritiva, por meio de entrevistas individuais, abertas e semi-estruturadas, gravadas e transcritas pela pesquisadora, mediante prévia aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP e do Hospital Municipal Maternidade-Escola Vila Nova Cachoeirinha, além de consentimento esclarecido assinado pelas entrevistadas e seus responsáveis legais. Resultados e Discussão Foram entrevistadas 10 meninas gestantes, nulíparas, em acompanhamento de pré-natal, no período de agosto a outubro de 2009. O tratamento dos dados foi realizado por meio da análise de conteúdo, com enfoque na análise temática. Foram definidas quatro categorias de análise: 1) A sexualidade como expressão do feminino; 2) Saúde: uma relação tão delicada; 3) Tecendo redes sociais e 4) Autopercepção e projetos de vida. No grupo entrevistado a maioria dos parceiros tem idade superior em pelo menos 20% a das meninas. Houve relato de sofrimento de violência psicológica e física causada por parceiros e familiares, em alguns casos, acarretando reações depressivas nas meninas. A maior parte delas interrompeu os estudos em decorrência da gravidez, e apresentam poucas perspectivas futuras de projeto de vida. Considerações finais A gravidez na adolescência tem sido considerada precoce, indesejada e/ou não planejada, ou inadequada para esse período de vida, além de ser vista como um problema de saúde pública a ser enfrentado. Além disso, o direito ao exercício da sexualidade na adolescência é mais valorizado quando associado à vida masculina, o que dificulta que essa temática seja contemplada nas questões associadas à gravidez em meninas. É necessário que o atendimento em saúde para adolescentes inclua discussões sobre questões de gênero e de saúde sexual e reprodutiva, possibilitando o fortalecimento dessas meninas enquanto sujeitos de direitos, criando recursos para que elas decidam quando, com quem desejam ter sexo, além de optar sobre o momento da gravidez. A falta de opções para projetos de vida pode conduzir essas meninas a situações de gestação que, mesmo quando consideradas desejadas, aumentam a vulnerabilidade a qual estão expostas. A ampliação do acesso a serviços de saúde, que contemplem temáticas próprias de adolescentes, muito além da atenção médica estrita, pode ajudar no fortalecimento da cidadania desses sujeitos.