Mapear para intervir: a relação entre a moradia e a saúde nos programas de melhorias habitacionais no sul global

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gomes, Joice Genaro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-26012022-165255/
Resumo: O objetivo principal da presente pesquisa é a proposição de uma metodologia para a identificação de moradias a serem priorizadas pelos programas de melhorias habitacionais que atuam em favelas urbanizadas e loteamentos populares, utilizando para estudo de caso a cidade de Salvador. Embora esses programas visem responder às demandas específicas das moradias e dos moradores, a escolha das áreas a serem atendidas não pode prescindir de planejamento. Compreende-se que esse planejamento requer ferramentas próprias para nortear as ações em campo, mapeando, a partir de critérios previamente definidos, as urgências prioritárias com necessidade de atendimento imediato. Propõe-se que essas urgências estejam amparadas em dados que revelem a condição de saúde dos residentes, uma vez que esta, em última análise e perpassando fatores genéticos, deriva principalmente do ambiente construído. Para tanto, foram propostos dois indicadores: i) o Indicador de Privação Habitacional (IPHAB), construído a partir de dados censitários e extraídos de imagens de satélite de alta resolução espacial; e ii) o Indicador de Condição de Saúde (ICS), com o uso de dados de mortalidade e de morbidade por quatro causas específicas (pneumonia, asma, quedas acidentais e tuberculose), espacializados por endereço de residência. Os dois indicadores, construídos com o uso de métodos específicos e em diferentes unidades geográficas, foram espacializados sobre uma grade regular composta por células de 50m x 50m e distribuídos por quartil. A sobreposição desses dois indicadores resultou no Índice de Privação Habitacional Associado à Saúde (IPHAS) e possibilitou a visualização de 16 gradações de privação habitacional combinadas à saúde. Os resultados apontaram que pouco mais de 101 mil domicílios em Salvador precisavam, no período analisado, de atendimento prioritário e outros 131 mil possuíam necessidade de monitoramento continuado, sendo que quase 90% desse total encontram-se inseridos nas Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS). A partir de dados extraídos de imagens de atíssima resolução espacial, foram propostos três indicadores do ambiente construído apontando a intensidade de ocupação dentro das células (também chamadas de microáreas): altura média das edificações; taxa de ocupação; e coeficiente de aproveitamento. Para contribuir com a caracterização da moradia popular e da condição de saúde dos moradores, foram aplicados 391 questionários em quatro áreas representativas de Salvador. A partir dos resultados buscou-se verificar se as diferenças construtivas encontradas possuíam alguma associação estatística com a região de residência e, em uma análise estratificada, foi verificado o impacto dessas características no desenvolvimento de doenças respiratórias e quedas na residência. Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para o delineamento das ações de melhorias habitacionais, ao direcionar, de maneira mais efetiva recursos financeiros e humanos, visando a melhoria da condição de moradia da população mais pobre.