Resumo: |
As Noites [Alf layla wa-layla] foram primeiramente traduzidas e publicadas pelo orientalista francês Antoine Galland, no início do século XVIII. Em sua tradução, Galland não somente seguiu a concepção de sua época de adaptar a obra para o gosto francês como também inseriu novas histórias em sua versão que não pertenciam ao original, de modo que suas Les mille et une nuits não se constituíram como um retrato fiel das Noites árabes. E foi este trabalho que, encontrando um sucesso triunfal desde sua publicação, divulgou as histórias das Noites por todo o Ocidente, e inspirou novas produções literárias. No século XIX, muitos autores românticos buscaram o enriquecimento de sua imaginação nas cores do maravilhoso oriental, entre eles está Charles Nodier, que registrou seu interesse por Les mille et une nuits em seus textos teóricos e literários . Nesse sentido, no âmbito de um estudo comparado, é possível perceber que seu conto intitulado \"Les quatre talismans\" compartilha de determinadas semelhanças com as seguintes histórias de Les mille et une nuits: prólogo-moldura, \"Histoire du pêcheur\", \"Histoire du roi grec et du médecin Douban\", \"Histoire de trois calenders fils de rois et de cinq dames de Bagdad\", \"Histoire du seconde calender\", \"Histoire du petit bossu\", \"Histoire que raconta le marchand chrétien\" - todas elas traduzidas por Galland do manuscrito árabe das Noites -; \"Histoire d\'Aladdin\" e \"Histoire de l\'aveugle Baba-Abdalla\" - ambas ausentes das Noites, correspondendo, portanto, a inserções do orientalista em sua versão. Comparativamente, a análise de elementos, como a técnica narrativa, os temas e os motivos das histórias, atestam não somente as apropriações de Nodier a partir de Les mille et une nuits, mas também a própria originalidade do autor, que transforma o modelo das histórias provindas das Noites e das narrativas inseridas por Galland, criando, assim, um conto peculiar. |
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