Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Ribeiro, Anna Christina de Lima |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-25072021-165918/
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Resumo: |
Introdução: A infecção do sítio cirúrgico (ISC) é uma importante complicação no pós-operatório de cirurgia cardíaca pediátrica e está associada ao aumento da morbidade e mortalidade. Estudos com enfoque na identificação dos fatores de risco nesta população são escassos. Objetivos: Identificar fatores de risco para a ISC após cirurgias cardíacas para correção de malformações congênitas com e sem circulação extracorpórea (CEC) e avaliar a incidência e microbiologia das infecções. Método: Este estudo caso-controle incluiu 189 pacientes com idade entre um ano completo e 19 anos e 11 meses de idade, submetidos à cirurgia cardíaca realizada no Instituto do Coração (Incor), HCFMUSP, no período de 1o de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2018, sendo 66 casos (com infecção do sítio cirúrgico) e 123 controles (sem infecção). Foi realizado o registro e análise de dados nos períodos pré, intra e pós-operatórios. Variáveis de exposição pré-operatórias: idade, gênero, estado nutricional, prematuridade, diagnóstico de síndromes genéticas, presença de anomalias estruturais não cardíacas, diagnóstico da cardiopatia congênita de acordo com base fisiopatológica e valor da saturação periférica de oxigênio, classificação de complexidade de procedimentos cirúrgicos pelo RACHS-1, procedimentos pré-operatórios, realização de cirurgia cardíaca prévia, hemograma e proteína C reativa pré-operatórios. Variáveis intraoperatórias: duração da cirurgia e da CEC, uso de assistência circulatória, esquema antimicrobiano profilático, necessidade de transfusão de hemoderivados, manutenção do tórax aberto e nível sérico de glicose. As variáveis de pós- operatório foram: tempo de ventilação mecânica em horas, reoperação na mesma internação e dados laboratoriais de hemograma e proteína C reativa (PCR) no pós-operatório imediato e após 48 horas. Resultados: A faixa etária de lactentes foi a mais prevalente nos pacientes infectados e foi fator preditor para ISC, na análise univariada, p=0,016 (IC 95% 1,15-3,98) OR=2,14 ,permanecendo como fator de risco independente, p= 0,014 (IC 95% 1,26-8,66) OR=3,19.A presença de síndrome genética teve maior prevalência no grupo dos pacientes infectados e foi fator de risco para ISC com p=0,005 (IC 95% 1,53-10,77) OR=4,03 na análise univariada e na análise multivariada p=0,004 (IC 95% 1,70-21,65) OR=6,20. Síndrome de Down (SD) foi a mais frequente. Quanto à classificação de complexidade de procedimentos cirúrgicos ( RACHS- 1), os pacientes com RACHS-1 >=3 apresentaram maior risco para ISC na análise univariada p<0,001 (IC 95% 1,79-6,28) OR=3,35 e na análise multivariada p<0,001 (IC 95% 3,30-21,34) OR=8,40. A realização de cirurgia prévia foi mais comum no grupo dos pacientes que estavam infectados (n=33), equivalente a 50% deles e este antecedente mostrou- se como possível fator de risco, p=0,046 (IC 95% 1,01-3,41) OR=1,86; mas não permaneceu na análise multivariada.Com relação aos dados intra-operatórios, não foi encontrada nenhuma variável de exposição preditora de ISC. Quando analisamos os dados do pós-operatório, os pacientes que necessitaram de reabordagem cirúrgica na mesma internação estavam em maior risco para o desenvolvimento da infecção, p<0,001 (IC 95% 2,24-14,74) OR=5,75; mas este fator não foi confirmado após análise multivariada. Foi observado que os pacientes com níveis séricos da PCR de 48 horas de pós-operatório mais elevados estavam sob menor risco de ISC na análise multivariada. A incidência de ISC na população estudada variou de 2% a 3,8%. Quarenta e quatro por cento dos casos foram classificados como ISC superficial, 35% como ISC órgão/espaço e 21% como ISC profunda. Houve seis óbitos (3,2%), todos em pacientes com o diagnóstico de ISC órgão/espaço. Staphylococcus aureus foi o micro-organismo mais prevalente (70,3% dos casos) seguido por Staphylococcus epidermidis (16,2%). Conclusões: Foi possível identificar fatores preditores para a infecção do sítio cirúrgico após cirurgias cardíacas na população pediátrica. A idade jovem (faixa etária lactente), a presença de síndrome genética e as categorias de RACHS-1 de níveis 3 e 4 foram determinados como fatores de risco para a infecção da ferida operatória e o valor da PCR de 48 horas pós-operatórias foi demonstrado como fator protetor. Staphylococcus aureus foi o micro-organismo mais prevalente. Para esta população de maior risco para ISC seria apropriada a elaboração e aplicação de protocolos de vigilância específicos. No que diz respeito aos dados da evolução dos valores da proteína C reativa no pós-operatório de cirurgia cardíaca infantil, pode-se investigar seu papel imunomodulador. |