Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Margarido, Renata |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-09122016-153110/
|
Resumo: |
Nesta tese, objetiva-se investigar o funcionamento sintático, semântico e pragmático das construções com se... verbo ser + porque sob uma perspectiva da teoria funcionalista da linguagem. Utilizam-se os postulados de Dik (1989), que propõe um modelo de interação verbal, segundo o qual, na construção dos enunciados linguísticos, o falante antecipa uma possível interpretação do ouvinte e este reconstrói a intenção comunicativa do falante. Assim, na análise dos enunciados, os fatores sintático e semântico são conjugados ao componente pragmático. Baseia-se, ainda, nas considerações de Taylor (2003) e Rosch (2004), que defendem que as fronteiras de uma categoria são flexíveis; tal ideia conduz à questão da fluidez semântica, presente na construção com se... ser porque. Em relação à metodologia, para a exemplificação da construção em estudo na parte teórica, usam-se textos jornalísticos contemporâneos de diversificados gêneros discursivos; para a análise semântica e pragmática, utilizam-se entrevistas jornalísticas (contemporâneas), pois estas trazem natureza interativa, compatível com a construção em pauta; para o exame da formação da estrutura com se... ser porque, adota-se, especialmente, o Corpus do Português, visto que esse material permite a visualização de dados em uma diacronia. No que concerne à natureza sintática das construções com se... ser porque, verifica-se que: i) elas constituem uma correlação entre duas hipotaxes; ii) elas são construções híbridas, e as orações condicional e causal não possuem oração matriz explícita. No que tange à questão semântica, aliada ao componente pragmático, observa-se que: i) a oração com se pode ser factual, demonstrando, por exemplo, concordância do locutor em relação à avaliação feita pelo interlocutor; ii) a oração com se pode ser hipotética, sentido que, na estrutura com se... ser porque, é compatível com a expressão da habitualidade, com a presença do matiz temporal; iii) há, muitas vezes, fluidez semântica em se... ser porque, com a manifestação dos valores de causa e de conclusão; iv) a leitura causal não se limita a uma relação entre causa e consequência, pois há casos em que se manifesta uma conexão entre motivação e ação; v) são expressos dois tipos de conclusão, a dedução e a abdução; e a determinação do tipo de conclusão envolve certa subjetividade, não se restringindo, assim, a uma questão lógica. Em relação à organização discursiva, constata-se que: i) a oração condicional atua como tópico, trazendo resumo, paráfrase, contraste ou exemplificação; ii) o verbo ser atua como focalizador, tomando como escopo a segunda oração da correlação e explicitando, muitas vezes, informação nova; iii) a oração com ser porque é utilizada para anular outras inferências possíveis, e o segmento focalizado indica, entre outros aspectos, informação solicitada pelo interlocutor, negação de ideia exposta anteriormente, confirmação. A partir dos resultados obtidos, é possível questionar conceitos tradicionalmente estabelecidos, como a atribuição apenas do sentido de hipótese à oração condicional e somente do valor semântico de causa à oração causal. Além disso, esta tese tem como objeto de estudo uma construção ainda pouco investigada em pesquisas linguísticas, podendo, assim, oferecer subsídios para novas reflexões sobre a estrutura com se... ser porque. |