A iminência da catástrofe e a catástrofe da iminência: riscos, danos e controvérsias na cidade mineradora de Barão de Cocais (MG)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Laurino, Bianca Van Steen Mello
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-11102024-135307/
Resumo: Este trabalho busca compreender como a população do município de Barão de Cocais (MG) vivencia, percebe e elabora a possibilidade de rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração e seus desdobramentos. A partir de uma investigação etnográfica de caráter multidisciplinar, que mobiliza dados primários e secundários, a discussão concentra-se em dois campos de controvérsias: um relativo à credibilidade do possível rompimento, expresso nas experiências de medo e de desconfiança; e outro aos sentidos atribuídos à mineração e ao bem-estar, bem como à relação entre esses dois fatores. A pesquisa demonstra que a iminência do rompimento constitui uma catástrofe por si só, que desarticula modos de vida estabelecidos e exige novas maneiras de sobreviver e se relacionar com e no território. Ao mesmo tempo, a investigação reconstrói os motivos que levam parte significativa dos moradores e moradoras a colocar em suspeição a própria possibilidade de ruptura, devido à presença de interesses econômicos da Vale S.A. na região. Em uma cidade mineradora, os dilemas e conflitos relacionados às condições de sustento e qualidade de vida são, ao mesmo tempo, viabilizados e ameaçados pela atividade minerária, estabelecendo com ela uma relação de duplo vínculo. Os riscos e danos envolvidos nesse contexto mostram-se tanto controversos quanto incalculáveis, pois excedem as métricas adotadas pelo tripé Mercado-Estado-Ciência. Assim, a situação em Barão de Cocais expõe localmente e de maneira situada problemáticas globais, como a mudança no regime climático característico do Antropoceno e o racismo ambiental, que determina a distribuição de seus impactos