Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Vasconcellos, Ellen Maria Martins de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-16122024-120124/
|
Resumo: |
Esta tese de doutorado tem como objetivo explorar narrativas literárias contemporâneas nas quais o tempo e o espaço da catástrofe se instalam. A análise se realizará a partir das formas de localizar e de registrar o acontecimento em seu tempo e espaço, e das estratégias de resistência e tentativas de sobrevivência encontradas pelas personagens. Na primeira parte, as obras a serem analisadas são: Distancia de rescate, de Samanta Schweblin (2014); Los días de la peste, de Edmundo Paz Soldán (2017); Sumar, de Diamela Eltit (2018). Elas têm em comum uma catástrofe em curso, um mundo que se desmorona. A tragédia já está acontecendo e põe em risco a vida das personagens já por si precarizadas, despossuídas. As narrativas são ex-critas a partir de seu testemunho, um discurso que pressupõe um interlocutor, evidência de um traço significativo nas obras: a escuta. É no momento que as personagens experienciam o acercamento do fim, situadas ante a iminência mortal dos seres, que se percebem parte do comum, e se abrem a formas de vida em comunidade e à potência também gerada pela precariedade, para a desconstrução da ordem e dos muros da individuação desde a reconstrução de uma ética dos relatos e das relações. São corpos abertos aos outros, vivos e mortos, às suas vozes e saberes. Já na segunda parte desta pesquisa, vamos analisar os romances 10:04, de Ben Lerner (2014) e A ocupação, de Julián Fuks (2019), nos quais encontramos um narrador autoficcionalizado diante da catástrofe, que conta o que presencia, o que vê e ouve, mas a uma distância segura dos acontecimentos. Ou seja, o narrador observa a precariedade e a vulnerabilidade, estando a dois passos dela. Seu testemunho desde uma posição protegida, no entanto, não está ileso de ser afetado pela catástrofe dos outros, nem o isenta de se posicionar frente à comunidade e ao comunitário no presente e perante o futuro. Há sempre algo em comum. Nesta segunda parte, então, analisamos a narrativa construída a partir dos restos e da percepção dos narradores sobre como o atual contexto político, econômico, cultural e ecológico pede um olhar e um ouvido atentos ao entorno e clama por ação. Já na terceira e última parte do trabalho, analisaremos as obras literárias El gusano, de Luis Carlos Barragán (2018), e La infancia del mundo, de Michel Nieva (2023), nas quais a catástrofe já aconteceu, e só depois dela é que se inicia a jornada das personagens no cenário distópico. Quer dizer: as narrativas só iniciam após o fim, e, por conta disso, elaboram outras formas de sobrevivência, já que instam uma alteração radical de postura e uma resiliência para o enfrentamento dos mesmos e de novos problemas, bem como a formulação de um outro modo de lidar com a temporalidade, com os seres e as coisas ao redor, para que, a partir do fim -- ainda que este seja sempre parcial, o fim de mundos, de existências e de territórios específicos --, outro começo, mais imaginativo, possa ser representado, e outras possibilidades de comunidade, futuros comuns, possam assim surgir. Após a análise das sete obras divididas em três partes, espera-se chegar, então, em um panorama (parcial) de como a literatura contemporânea, escrita nas últimas duas décadas nas Américas, sob a condição neoliberal, mas em disputa, se posiciona em relação às catástrofes e que estratégias traz para a continuidade da vida e para a imaginação do futuro |