Caracterização do microbioma em úlcera de perna de pacientes com Doença Falciforme

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Oliveira, Franciane Mendes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5134/tde-29052023-163729/
Resumo: INTRODUÇÃO: A Doença Falciforme (DF) é uma doença hematológica hereditária monogênica caracterizada pela produção anormal de hemoglobinas, sendo a mais comum a hemoglobina S (HbS), que se polimeriza sob condições de desoxigenação, deformando as hemácias, que assumem forma de foices e apresentam deficiência no transporte de oxigênio e gás carbônico. Essa deficiência leva a inúmeras complicações, inclusive úlceras de pernas. A microbiota humana é a soma de todos os micro-organismos que residem nos tecidos, composto principalmente por bactérias. Cada local anatômico (pele, boca, intestino, mucosas) possui sua microbiota específica e seu desequilíbrio pode estar associado à doenças crônicas. A microbiota das úlceras de perna na DF ainda é pouco conhecida. O presente trabalho teve por objetivo identificar e caracterizar a microbiota presente em úlceras de perna de pacientes portadores de DF em um hemocentro público de grande porte (Fundação Hemominas), localizado na Região Sudeste do Brasil. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal que incluiu 30 pacientes com DF e úlcera ativa durante a coleta, 60 pacientes com DF sem histórico de úlcera de perna, ambos os grupos de genótipo SS da DF, e 30 participantes sem história de doenças crônicas. Todos os participantes foram entrevistados, as amostras e as características clínicas coletadas, após consentimento. Caracterizamos os táxons constituintes da microbiota dos participantes pelo sequenciamento do gene 16S rRNA e as sequências geradas foram analisadas através das ASVs (amplicon sequence variants), verificando a cobertura e profundidade necessárias para identificação e classificação de comunidades bacterianas. Foi avaliada a associação da diversidade alfa e beta da microbiota com a úlcera de perna. Os dados clínico/epidemiológicos, sociodemográficos e hábitos da população de pacientes com DF foram analisados para verificar sua associação com a presença da úlcera de perna na DF. RESULTADOS: As diversidades alfa e beta nas úlceras de perna em pacientes com DF foram menores comparadas aos grupos de pele íntegra. Os filos Firmicutes (51%) e Proteobacteria (41%) predominaram nas úlceras, embora sem diferenças estatísticas. O gênero Staphylococcus também predominou nas úlceras de perna com diferença estatística significativa quando comparada à pele íntegra adjacente (16,4% versus 6,8%, respectivamente; p = 0,02). No entanto, não houve diferenças estatísticas da presença do Staphylococcus nas úlceras quando comparado aos grupos controles. O gênero bacteriano de maior abundância na pele íntegra adjacente às úlceras e na pele do grupo controle com DF no geral foi Ralstonia ssp. (11,0% e 13,6%, respectivamente). Corynebacterium ssp. foi maior na pele íntegra adjacente (13,1% versus 0,2%; p = 0,003); dentre os controles as abundâncias foram similares (7,9%, 7,4% e 0,3%; p < 0,001). Houve menor abundância deste gênero nas úlceras. CONCLUSÃO: Nossos resultados evidenciaram menor diversidade significativa alfa e beta nas úlceras de perna da DF, maior abundância dos filos Firmicutes e Proteobacteria e maior abundância de Staphyloccocus ssp. nas úlceras em relação à pele adjacente, sugerindo relação de espécies desse gênero com as úlceras de perna da DF