O que a clínica psicanalítica com gêmeos nos ensina? Efeitos e destinos da experiência gemelar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ramos, Gustavo Di Giorgi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-06092021-160905/
Resumo: Essa pesquisa surge como sequência do trabalho de Iniciação Científica intitulado \"Literatura psicanalítica sobre gêmeos: especificidades da clínica\". O trabalho é parte do \'Braço Clínico\' do estudo com gêmeos -- coordenado pela professora Maria Lívia Tourinho Moretto -- que integra a rede de pesquisa Painel USP de Gêmeos, -- coordenado pela professora Emma Otta -- no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. O grupo de pesquisadores do \'Braço Clínico\' realiza, desde 2017, atendimentos a pacientes gêmeos na Clínica Escola do Instituto de Psicologia, e desde 2020, atua em parceria com pesquisadores do Instituto Sedes Sapientiae, no grupo Gemelar. O objetivo da pesquisa é investigar as demandas, questões e narrativas de sofrimento trazidas pelos pacientes gêmeos e seus familiares, tanto nos atendimentos realizados quanto na literatura sobre o assunto, de modo a obter subsídios para uma reflexão clínica e crítica a respeito dos ensinamentos e desafios pertinentes a gemelaridade no campo psicanalítico. Utilizamos o método clínico psicanalítico, valorizando a articulação entre clínica e teoria nessa investigação. Como resultado, construímos um panorama com os principais textos encontrados na literatura, categorizados a partir do enfoque dos clínicos, dos pais de gêmeos e de gêmeos que publicaram sobre suas experiências. Neste panorama, os autores utilizam e privilegiam conceitos diversos para tratar das especificidades da condição gemelar, entre eles: narcisismo, identidade, indivíduo, sujeito, diferenciação, indiferenciação, separação, transferência, contratransferência. Para além dos conceitos e especificidades destacados, depuramos dois eixos de leitura e posicionamento dos autores quanto as questões gemelares: o primeiro deles toma por base o desafio dos gêmeos quanto à aquisição de uma identidade individual e considera que eles tem uma dificuldade a mais para se diferenciarem e alcançarem uma identidade única, fugindo de um narcisismo mortífero ao qual a condição gemelar predisporia. O segundo eixo, que contrasta com o anterior, frisa a importância de os clínicos estarem atentos ao que é próprio das vivências dos gêmeos e não tratá-los pela ótica dos filhos únicos, dando especial atenção às vivências do par e suas marcas na constituição da subjetividade. A partir de nossa experiência clínica, valorizamos as considerações dos autores que localizamos nesse seguindo eixo, e aprofundamos nossas investigações sobre a relação entre o individual, o singular e o par. Para tal discussão, tomamos por base a noção de experiência gemelar, para pensar em seus efeitos nas dimensões do imaginário, do simbólico e do real. No tocante ao imaginário, exploramos as experiências de indiferenciação entre eu e outro, relacionadas a temática do duplo. No simbólico, destacamos as dificuldades do reconhecimento no laço social de experiências cujo denominador não é o indivíduo. Quanto à dimensão real, discutimos as marcas da dupla na constituição subjetiva, tendo por base o conceito de objeto a. Concluímos que é possível tomar a gemelaridade como um dado clínico relevante, e que isto pode contribuir para a escuta e direção do tratamento, a partir dos seus efeitos singulares em cada experiência. Espera-se que os leitores e clínicos possam se valer das considerações aqui propostas, em especial, nos casos marcados pelos efeitos da experiência gemelar