Indeterminação na música brasileira: análises de obras do repertório violinístico compostas na segunda metade do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Zomer, Ana Leticia Crozetta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-12092022-150441/
Resumo: Esta tese de doutorado investiga as implicações da indeterminação sobre a música brasileira, mais especificamente, sobre seis obras do repertório violinístico compostas na segunda metade do século XX: (1) Mutationen VI, para violino e fita magnética, de Claudio Santoro (1972); (2) Maktub II, para violino e piano, de Mario Ficarelli (1972); (3) Tempo-espaço XV, para dois instrumentos melódicos quaisquer, de Luiz Carlos Vinholes (1978); (4) Anel anemic [Parte], para violino e viola, de Silvio Ferraz (1979); (5) Sonâncias II, para violino e piano, de Edino Krieger (1981); (6) Três peças para violino solo, de Roberto Victorio (1987). Amplamente difundida por John Cage (1912-1992) em seus seminários em Darmstadt, a indeterminação, como vertente estético-composicional, desperta um aspecto da performance musical ainda latente, a sua variabilidade. Sustentada por elementos que envolvem diferentes graus de ambiguidades, essa prática amplia de forma significativa as margens da interpretação, além de configurar-se como ruptura de paradigmas musicais até então vigentes. Assim, esta pesquisa tem como principal objetivo analisar as obras citadas sob um triplo enfoque musicológico, analítico e interpretativo , problematizando ausência de modelos teóricos e metodológicos próprios para a prática analítica sobre obras de caráter indeterminado, além de contribuir para a difusão do repertório violinístico brasileiro. Nesta tese são apresentadas diferentes proposições para compreender os paradigmas da indeterminação na música brasileira: fricções entre a manutenção da tradição e a ânsia pela inovação; reflexões acerca do pensamento estético-composicional dos dois principais expoentes dessa prática, John Cage (1912-1992) e Pierre Boulez (1925-2016); discussões sobre a multiplicidade de sistemas notacionais que emergiram em decorrência das novas perspectivas estéticas e sobre a intensa exploração e experimentação sonora pelas quais passou o violino a partir do século XX, desencadeando a criação de técnicas que fogem do que comumente é transmitido pelo ensino instrumental. As análises enfatizam a organização estrutural, abordando conjuntos de notas por meio de simetrias, derivações e inter-relações entre vozes, além dos aspectos de ordem notacional e de recursos idiomáticos, evidenciando o acaso como agente na construção de sentido na performance musical. Os resultados desta pesquisa apontam uma diversidade de posturas e poéticas que emergem do potencial inventivo dos compositores brasileiros, inspirados especialmente por aspectos de ordem cultural.