Determinação e caracterização de enfermidades que acometem Procellariiformes encalhados no litoral do estado de São Paulo, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Boaventura, Isabella Cristina da Rocha
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-11122023-172849/
Resumo: Os Procellariiformes são aves pelágicas e podem ser utilizados como bioindicadores ambientais, pois ocupam níveis tróficos superiores, apresentam elevada longevidade e são sensíveis aos impactos negativos ambientais e antrópicos. Há poucos estudos sobre as causas de encalhe, morbidade e de morte destas espécies. O objetivo foi determinar e caracterizar as enfermidades que acometem Procellariiformes que encalharam na costa da Praia Grande a Peruíbe, do Estado de São Paulo. O estudo foi retrospectivo e prospectivo observacional de anatomia patológica associada à investigação parasitológica e microbiológica, que utilizou 155 espécimes. Treze espécies foram analisadas e as mais frequentes foram Puffinus puffinus (60%), Calonectris cf. borealis (9,67%), Pterodroma mollis (6,45%) e Thalassarche melanophris (6,45%). Foram fêmeas em 49,03% e machos, 50,96%. Juvenis foram 79,35% e adultos, 20,64% com escore corporal caquético em 74,83%. As aves encalharam na primavera (61,93%), inverno (14,83%) e outono (14,19%). Setenta e nove (50,96%) foram resgatadas vivas em grave estado geral de hipotermia, desidratação, caquexia, anemia e hipotroteinemia, e 76 (49,03%), mortas. Os principais parasitos foram Tetrabothrius spp. (39,55%) no intestino delgado, Renicola spp. (34,32%) no parênquima renal da espécie P. puffinus e os nematódeos Contracaecum spp., Contracaecum pelagicum e Seuratia shipleyi foram os mais frequentes do estômago. Os ectoparasitos foram piolhos dos gêneros Naubates spp. (23,26%), Halipeurus spp. (23,12%) e espécie Halipeurus diversus (17,91%), Austromenopon spp. (23,86%) e Trabeculus aviator (11,94%). As interações antrópicas foram com resíduo sólido em sistema digestório (34,83%), com pesca (7,74%) e com resíduo de óleo (3,87%). As causas de morte foram por processos infectoparasitários (23,83%); por processos não infectoparasitários (72,22%) e os processos foram indeterminados em 3,86%. As causas de morte dos jovens diferiram dos espécimes adultos, de forma que nos primeiros foram por emaciação (60,16%), por afogamento (13%) e causas infecciosas (9,75%). Nos adultos foram as causas de origem infecciosas (31,25%), por emaciação (18,75%) e afogamento (18,75%) e por trauma (12,5%). Os processos infectoparasitários foram septicemia (7,09%), bacteremia (3,22%), por agente etiológico indeterminado (2,58%), fúngico (0,64%) e parasitário (0,64%) e as causas de morte por lesões localizadas no sistema respiratório (2,57%), no sistema digestório (6,45%) e no sistema urinário (0,64%). A emaciação (57,41%) foi a principal causa de morte de P. puffinus jovens e machos; afogamento foi a segunda causa não infectoparasitária, sendo secundário a trauma em 3,22% e aos processos infectoparasitário em 4,51%. Morte por traumas ocorreram em 5,15% e gota úrica visceral foi diagnosticada em 1,29%. A principal causa de encalhe foi por emaciação atrofia multiorgânica (52,54%), seguida por processos sépticos (7,09%). Os resultados mostraram que investigações sistemáticas e multidisciplinares envolvendo anatomia patológica, epidemiologia, clínica, parasitologia e microbiologia são importantes para a compressão do estado de saúde e dos efeitos das atividades antrópicas sobre a vida de aves marinhas.