Trauma precoce e ligações psíquicas, um estudo psicanalítico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Moreno, Maria Manuela Assunção
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-05032015-115420/
Resumo: A presente tese se configura como uma interrogação à teoria psicanalítica acerca das ressonâncias do traumatismo precoce e das defesas por ele suscitadas no processo de simbolização primária, especialmente nas ligações psíquicas decorrentes e na construção de sentido inconsciente. Os conceitos de trauma precoce e simbolização primária se entrelaçam na trama complexa da constituição psíquica, que se suplementa, em tensão paradoxal, entre os pólos intersubjetivo e intrapsíquico. As discussões se articulam entre as proposições inaugurais de Freud e Ferenczi e seus desdobramentos na teoria psicanalítica pós-freudiana, particularmente nas obras de Donald Winnicott, André Green e René Roussillon. O primeiro eixo de discussão da tese enfoca a noção de simbolização primária em sua relação intrínseca com os processos de diferenciação psíquica entre os campos Eu/não-Eu e Isso-Eu, no tempo do narcisismo primário. Considero que a organização psíquica, tanto no nível do Eu como no das representações, constitui-se em simultaneidade ao processo de simbolização da alteridade (interna-externa). Problematizo a concepção de desamparo constituinte a partir do estudo dos efeitos da diferença na organização psíquica. Tenho por hipótese que a possibilidade interna de reconhecimento de diferenças depende de uma função de reconhecimento que é criada no espaço intersubjetivo a partir do investimento objetal. O modo como o objeto primário reconhece as experiências do infans e as reflete de volta, em uma experiência de compartilhamento de prazer, é constituinte de ligações psíquicas simbolizantes, necessárias para a instalação de um Eu diferenciado do que lhe exterior e da função de simbolização. As ligações simbolizantes remetem, assim, à construção de estruturas psíquicas terciárias que sustentam a associatividade psíquica. Associo o trauma precoce a uma falha objetal, em suas funções primárias de espelhamento, que se desdobra internamente em um sofrimento psíquico decorrente das perturbações nos processos de integração pulsional, de diferenciação psíquica e de internalização da função de simbolização. Outra hipótese da tese é que o sujeito se defenda da realidade traumática por meio de um conjunto de defesas, pautadas pela ação da pulsão de morte desintrincada (desligamento e cisão psíquica) que configuram um funcionamento transicional negativo segundo modalidades de ligação psíquica traumática. Tais ligações têm como objetivo impedir o (re)conhecimento da realidade traumática, condição de elaboração psíquica, ao interpor barreiras, por meio de mecanismos como a recusa e a alucinação negativa, entre os traços perceptivos do trauma e seu encadeamento em uma cadeia associativa significante. As articulações teóricas da pesquisa pretendem oferecer contribuições à metapsicologia dos processos psíquicos inaugurais, constitutivos e traumáticos, assim como subsídios ao pensamento clínico/psicopatológico em psicanálise