Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Bastos, Leandro Tibiriça de Camargo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8160/tde-10072018-152717/
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Resumo: |
No nascimento da modernidade houve um grande crescimento produtivo, o que levou ao incremento das instituições mediadoras da vida social. Os efeitos disso na esfera do discurso e da formação do sujeito se manifestaram também no teatro, na formação dos personagens. A passagem de uma mentalidade mítica para uma racionalista marcou os sujeitos, muitas vezes, de forma trágica, dilacerados entre demandas desencontradas e discursos opostos. A subjetividade se tornou o campo desse tipo de batalha. Um exemplo privilegiado desse momento é The Spanish Tragedy, de Thomas Kyd. Tragédia inaugural do teatro elisabetano, Kyd foi o primeiro autor a concentrar a maioria de seus monólogos em um único personagem, contrastando com peças anteriores, como Gorboduc, em que os monólogos eram mais distribuídos. Isso possibilitou uma concentração de tensão e um desenvolvimento dramatúrgico que influenciou gerações, inclusive um jovem dramaturgo iniciante chamado William Shakespeare. Não é apenas uma coincidência que Kyd tenha inaugurado com sua peça um gênero, as tragédias de vingança, que criou uma longa linhagem, cujo representante mais ilustre é Hamlet. Mas esse desenvolvimento concentrado, que permitiu um crescendo ao longo da peça, se olhado de perto, apresenta uma outra dimensão. A fatura linguística dos monólogos traz materiais das mais diversas fontes. Se estão presentes recursos linguísticos da literatura clássica e da retórica da corte, também aparece uma dicção provinda da burguesia, seja das controvérsias religiosas, seja dos livros de cortesão, que discutiam o comportamento adequado em sociedade. Temos, portanto, recursos textuais provenientes dos atores sociais que tencionavam a época: aristocracia decadente e burguesia ascendente. Vistos em sequência, os monólogos apresentam uma transição das formas mais tradicionais e conservadoras de discurso para as mais modernas. Dessa forma, o desenvolvimento do personagem e a estrutura dramatúrgica construída em torno dele se tornam um espelho de sua época. A mesma tensão que vemos no grande quadro da história, se fecharmos o foco sobre o personagem e, mais ainda, sobre sua interioridade, nos monólogos, reaparece nas suas formas de discurso. Ao fazer um panorama histórico, uma descrição da evolução do personagem e um exame detalhado de momentos-chave de seus monólogos, esperamos demonstrar esses nexos. |