Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Lafalce, Luiz Camilo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-04102007-142051/
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Resumo: |
Ao materializar uma específica percepção/estilização de mundo por meio das imagens, dos jogos sonoros e do ritmo, o poema formaliza, por isso mesmo, um modo de ser do enunciador, o etos do sujeito lírico, instância enunciativa que se faz na e pela linguagem. Com base nesse pressuposto, objetivou-se, neste estudo da poesia do brasileiro Dante Milano (1899-1991), identificar os índices lingüísticodiscursivos que, em sua dimensão estilística, permitissem a apreensão e a compreensão de traços do enunciador, cronotopicamente marcado, aderente à percepção que o texto lírico constrói. Assumindo-se explicitamente como poeta e, ao mesmo tempo, desqualificando o valor de sua enunciação, o eu lírico milaniano constrói, nesse paradoxo pragmático, um dos núcleos de tensão que o corporifica no discurso poético e o enlaça à modernidade. Tal procedimento converge para a identificação do eu lírico com figuras emblemáticas da marginalidade, que erram num espaço existencial de peso e opressão. Molda-se, assim, o corpo tenso e comprimido do enunciador, que, contudo, se inscreve numa expressão de altivez heróica. A existência solitária desse eu petrificado na angústia de sua contínua ruminação poética, revela também, em contraponto, outra configuração: a de um corpo volátil e expansivo. Aquele que se faz no devaneio de um olhar desejante lançado à plenitude. Mas uma plenitude que, ao formalizar-se não raras vezes numa sintaxe fragmentada e em imagens da evanescência, se torna inconsistente, vazia. Essas corporificações marcam as conjunções e as dissonâncias que essa poesia, especialmente antitética, constrói entre a carne e o espírito, o sonho e a vigília, a palavra e o silêncio, a morte e a vida... Como significantes intercambiáveis - antagônicos e, ao mesmo tempo, afins - que acionam um jogo assimétrico, indiciam a perspectiva irônica da fala desse enunciador. Uma perspectiva irônica que, entendida como um evento deflagrado na situação comunicativa, instaura a especificidade de uma percepção que incorpora na construção de sua verdade a negação dessa mesma verdade. A configuração poética do locus horrendus, a sonoridade soturna de sua poesia, o sentido especial que assume a métrica decassilábica, as imagens nucleares da pedra e da evanescência, a espacialização textual, o ritmo dispnéico de muitos de seus versos, entre outros índices que emergem da tessitura poética de sutil ironia, corporificam o etos de um enunciador que vivencia a angústia em sua trágica dimensão. |