O discurso infantil em ditaduras nacionalistas: as relações de poder entre criança e adulto no Estado Novo e na Alemanha Nazista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Britto-Costa, Letícia Fernandes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-04102022-150602/
Resumo: O presente trabalho busca propor uma metodologia de análise discursiva para investigar a maneira como contextos políticos de ditaduras nacionalistas são apreendidos, organizados e constituídos cognitiva e linguisticamente em discursos midiáticos voltados ao público infantil. Visamos defender a tese de que produções midiáticas veiculadas durante um governo totalitário têm seus discursos fortemente enviesados, no que se refere à apreensão, construção e organização do contexto sociopolítico em que foram publicados. Para isso, pautamo-nos, sobretudo, na hipótese de que há uma diferença entre a representação discursiva de crianças e adultos nesses textos, a qual pode ser aferida estatisticamente com base em estudos da Linguística Cognitiva, Linguística Sistêmico-Funcional e estudos discursivos. Para tanto, selecionamos textos de autoria atribuída a crianças e jovens, localizados em dois periódicos - \"Hilf mit!\", jornal alemão de leitura obrigatória nas escolas no período do regime nazista; e \"O Tico-Tico\", revista infantil que circulou no Brasil no período do Estado Novo. Buscamos observar, nesses discursos, que papéis discursivos são construídos entre crianças e adultos a partir da seleção dos sistemas de transitividade em tais textos. Para isso, tomamos como aparato teórico, os conceitos de Linguística Cognitiva de Taylor (2002), Morato (1996, 2016) e Marcuschi (2002, 2007), e de Filosofia da Linguagem, como Humboldt (2006 [1807]) e Milani (2000,2007); em relação aos estudos de Contexto e Discurso, buscamos respaldo em autores da Linguística Sociocognitiva no Brasil, como Marcuschi (1999, 2002, 2005, 2007), Aquino (1997) e da Análise Crítica do Discurso como van Dijk (2006) e seus seguidores. No que se refere aos estudos de Linguística Sistêmico-Funcional e sua relação com a Linguística Cognitiva, este trabalho se baseia nas pesquisas de Halliday e Matthiessen (2004), Langacker (2008), Lavid, Arús e Zamorano-Mansilla (2010) e Gonçalves-Segundo (2015). Visando alcançar nosso objetivo, procedemos à análise do sistema de transitividade dos textos, tendo em vista gerarmos um banco de dados. Os métodos quali-quanti foram utilizados para sustentação da análise comparativa entre os dois corpora. Os resultados evidenciados em nossa análise apontam para a presença de uma correlação entre o papel social exercido pelos participantes e seu respectivo Potencial de Transformação, indicando uma hierarquização entre crianças e adultos no periódico alemão, ao passo que, na revista brasileira, tal correlação de hierarquia não foi observada.